ITINERÂNCIA NA 35° BIENAL DE SÃO PAULO NO PALÁCIO DAS ARTES REÚNE CENTENAS DE OBRAS COM DESTAQUE PARA AS AFROMINEIRIDADES E OS TRABALHOS DE MULHERES INDÍGENAS

Com o título “coreografias do impossível”, ocupação em Belo Horizonte traz uma curadoria composta por múltiplas linguagens e suportes e especialmente pensada para a cidade, reforçando a longeva parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e a Fundação Clóvis Salgado    


Itinerância da Bienal de São Paulo em Belo Horizonte

Data: Abertura no dia 20/6 (quinta-feira), às 19h, período expositivo entre 21/6 (sexta-feira) e 15/9 (domingo)

Horários: De terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 17h às 21h

Local: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, Galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Mari’Stella Tristão e Hall de Entrada do Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Classificações indicativas: Livre, exceto nas Galerias Mari’Stella Tristão (18 anos) e Arlinda Corrêa Lima (16 anos) 

Entrada gratuita

Informações para o público: (31) 3236-7400


Vista da instalação Pulmão da mina de Luana Vitra durante a 35ª Bienal de São Paulo. (Créditos: Levi Fanan)

Em 2022, a itinerância da Bienal de São Paulo em Belo Horizonte trouxe às galerias do Palácio das Artes mais de 36 mil pessoas. A bem-sucedida parceria entre a Fundação Clóvis Salgado e a Fundação Bienal de São Paulo existe desde a primeira edição do programa de itinerâncias das exposições, em 2011, sendo a mais longa desde a criação da iniciativa. Em 2024, a troca de experiências entre públicos e instituições ganha mais um capítulo com a chegada ao complexo cultural de 123 obras em um conjunto de 39 séries, criadas por mais de 20 artistas, e que estiveram na 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível no segundo semestre de 2023. O Palácio das Artes receberá uma seleção, especialmente pensada para a capital mineira, da curadoria feita por Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel. A exposição acontece de 21/6 (sexta-feira) a 15/9 (domingo), na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, nas Galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e Mari’Stella Tristão e, pela primeira vez, no Hall de Entrada do Palácio das Artes, com entrada totalmente gratuita. Em destaque, as afromineiridades, os trabalhos de artistas mulheres e a potência do cinema yanomami e das artes visuais do povo Tukano. A abertura da exposição acontece em 20/6 (quinta-feira), e vai contar com uma apresentação do grupo fluminense de percussão Tambores de Aço.

Belo Horizonte é uma das 14 cidades (três delas no exterior) a receberem a itinerância da Bienal em 2024. A capital mineira vai sediar uma das maiores exposições realizadas fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, em sintonia com o eixo curatorial “Mundo mundo vasto mundo”, elaborado pela Gerência de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado com base no poema “Sete Faces”, de Carlos Drummond de Andrade, e que propõe um olhar “de fora para dentro”. Na ocupação, criações dos seguintes artistas e coletivos nacionais e internacionais: Ahlam Shibli; Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami; Amos Gitaï; Anna Boghiguian; Dayanita Singh; Eustáquio Neves; Gabriel Gentil Tukano; Geraldine Javier; Katherine Dunham; Luana Vitra; Luiz de Abreu; Maya Deren; Min Tanaka e François Pain; Morzaniel Ɨramari; Ricardo Aleixo; Rommulo Vieira Conceição; Rosa Gauditano; Rosana Paulino; Sammy Baloji; Sonia Gomes; e Zumví Arquivo Afro Fotográfico. A ocupação conta com recursos de acessibilidade para a fruição de pessoas com deficiência, incluindo audioguia e vídeos com interpretação em Libras, textos e identidade visual em fonte ampliada e Braille, mapa tátil na expografia e interação com utilização de luvas durante as visitas mediadas

Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais, por meio das Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria CriativasSecretaria Municipal de Cultura de São PauloFundação Clóvis SalgadoFundação Bienal de São Paulo, e Itaú apresentam a “35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível: Itinerância Palácio das Artes – Belo Horizonte”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e Correalização da APPA – Cultura e Patrimônio. Governo Federal, Brasil, União e Reconstrução.

Vista de obras de Rosana Paulino durante a 35ª Bienal de São Paulo. (Créditos: Levi Fanan)

Arte, substantivo feminino – Um dos destaques da curadoria da 35ª Bienal de São Paulo é o numeroso contingente de artistas mulheres, que somam quase metade das participações. A itinerância em Belo Horizonte reforça esta presença feminina equilibrada na ocupação, trazendo desde nomes consagrados do século XX, como as multiartistas Maya Deren e Katherine Dunham, até criadoras ainda ativas cujos trabalhos no campo da arte contemporânea têm sido cada vez mais reconhecidos ao redor do mundo, caso da fotógrafa Dayanita Singh e das artistas visuais Anna Boghiguian e Geraldine Javier.

A seleção da Bienal e de sua itinerância na capital mineira também destacam o trabalho de artistas brasileiras cujas temáticas dialogam de forma consistente com discussões sociopolíticas da atualidade. É o caso da fotógrafa Rosa Gauditano, que registrou e celebrou, na década de 1970, a resistência lésbica no coração da metrópole paulistana, e também da artista visual Rosana Paulino, que conversa com questões sociais, étnicas e de gênero, com foco especial nas mulheres negras na sociedade brasileira e na liberdade sexual. Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, ressalta o quanto é importante reconhecer o trabalho de mulheres artistas ainda atuantes, assim como daquelas que já pertencem a um cânone cada vez mais diverso. “A Rosa Gauditano já participou de inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil, Inglaterra, França, México, Itália, Estados Unidos e China, enquanto a Rosana Paulino teve obras expostas na Bienal de Veneza e está com trabalhos no Malba [Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, um dos mais importantes do continente]. Então é motivo de muita felicidade para a Fundação Clóvis Salgado poder reforçar o laço institucional com a Fundação Bienal de São Paulo, exaltando especialmente artistas desta magnitude que ainda estão conosco e podem ter essa celebração em vida, ao mesmo tempo em que viabilizamos a construção de um cânone artístico que inclua as grandes mulheres criadoras de arte do passado”, afirma Uiara.

Obra de Sonia Gomes durante a 35a Bienal de São Paulo. (Créditos: Levi Fanan)

Coreografias que desafiam divisas – A “35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível” abre amplo espaço também para as complexidades e urgências do mundo contemporâneo ao abordar transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, dando voz a diversas questões e perspectivas de maneira poética. A coreografia, entendida como um conjunto de movimentos centrados no corpo que desafia limites, considera diversas trajetórias e áreas de atuação, o que cria estratégias para enfrentar desafios institucionais e curatoriais. Para os curadores, sempre foi crucial que a exposição alcançasse outras cidades além de São Paulo. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, que as coreografias do impossível não estejam restritas ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, enfatiza a importância não apenas de levar as “coreografias do impossível” para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições culturais: “Ao trazer a Bienal de São Paulo para Belo Horizonte, uma cidade com uma cena cultural tão pulsante, estamos não apenas fortalecendo as instituições culturais brasileiras, mas também tornando a arte e a cultura acessíveis a um público mais amplo. Desde o início do programa de mostras itinerantes, quando da 29ª Bienal, o Palácio das Artes tem sido uma parada fundamental. A parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, facilita a troca de experiências entre públicos e instituições. Isso contribui significativamente para a construção de uma sociedade mais inclusiva e culturalmente vibrante em todo o Brasil. Estamos entusiasmados com a oportunidade de continuar essa jornada e expandir nosso impacto cultural”, declara.

Vista da instalação Pulmão da mina de Luana Vitra durante a 35ª Bienal de São Paulo. (Créditos: Levi Fanan)

As afromineiridades ganham o mundo – Além do protagonismo feminino, a ocupação da Bienal de São Paulo no Palácio das Artes abre espaço para o talento de artistas oriundos de Minas Gerais, os quais agora têm suas obras expostas no maior complexo cultural do estado, fechando um ciclo que, além de elementos históricos e culturais mineiros, reafirma também as vivências e experiências afro-brasileiras. Sonia Gomes, artista internacionalmente reconhecida pelas esculturas de grandes dimensões feitas com tecidos diversos, convida os/as espectadores/as a se mover, se deslocar, ver com o corpo suas criações, em uma dança com o objeto. As obras da mineira de Caetanópolis não são figurativas e, ainda assim, temas como raça, gênero e temporalidades surgem nas várias leituras críticas sobre seu trabalho. Já o fotógrafo Eustáquio Neves, nascido em Juatuba e residente em Diamantina, desenvolve uma linguagem experimental marcada pela manipulação química de negativos e cópias, misturando fragmentos de diferentes imagens. Sua obra aborda a identidade e memória da população negra, a partir de contextos tão diversos como aqueles vividos por comunidades remanescentes de quilombos em Contagem e no Vale do Jequitinhonha durante as festividades em celebração a Nossa Senhora do Rosário.

No caso de Luana Vitra, a vinda de suas obras expostas na Bienal para o Palácio das Artes representa um feliz retorno. A artista, natural de Contagem, participou do Programa de Residência em Pesquisas Artísticas do Cefart entre 2018 e 2019, o que culminou em uma exposição nos Jardins Internos do Palácio das Artes. Cinco anos mais tarde, Luana volta ao complexo com uma instalaçãoque condensa boa parte de sua poética.A partir de eixos temáticos como os saberes e tecnologias afro-diaspóricas, os traumas do passado escravista da região de Ouro Preto (onde vive sua família) e o legado de séculos de economias extrativistas, a artista trabalha com itens como ferro, cobre, prata e pó de anil, construindo elementos figurativos como pássaros e setas, que apontam tanto para a cosmovisão afro-brasileira quanto para os efeitos da expansão econômica nos ecossistemas locais. “O fato de ter crescido em Minas Gerais e ter um modo de ser com esse território influencia em muitos aspectos o meu trabalho. Um deles provém da vivência do sincretismo, das procissões e dos reinados. Minhas obras têm muito forte a presença de repetições, que são algo que eu espelho da ladainha, porque, para mim, a repetição é uma maneira de mover um milagre, também um modo de rezar. Então, quando eu retorno a uma forma, isso está sempre relacionado a uma maneira de encantar a matéria. Minas Gerais também está profundamente entrelaçada em todas as minhas práticas porque foi aqui que eu criei a minha relação com o reino mineral, e sinto que o estado moldou o seu saber a partir da terra e dessa concentração natural que nos informa de muitas coisas. Esse movimento da obra ser apresentada fora de Minas Gerais, na Bienal, e depois ser partilhada aqui no estado com as pessoas que de fato compartilham dessa perspectiva de mundo é muito gratificante, pois é deixar que a própria terra olhe o que a terra produziu”, enfatiza a artista.

Vista da instalação Pulmão da mina de Luana Vitra durante a 35ª Bienal de São Paulo. (Créditos: Levi Fanan)

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos. 

FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO – Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas, cujas ações visam democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea referência na América Latina (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil.


Texto: Fundação Clóvis Salgado


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