“JEQUITINHONHA: ORIGEM E GESTO” REÚNE, PELA PRIMEIRA VEZ, DANÇA E ARTES VISUAIS, NA GRANDE GALERIA DO PALÁCIO DAS ARTES

Produção inédita da Fundação Clóvis Salgado é inspirada nas culturas e tradições do Vale do Jequitinhonha


“JEQUITINHONHA: ORIGEM E GESTO”

Inauguração do projeto: 3/8 (quinta-feira) às 20h

Exposição: 4/8 a 8/10

Horário: terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 17h às 20h

Espetáculo da Cia. de Dança Palácio das Artes: 4,5, 6, 11, 12, 18, 19, de agosto; 1º, 8, 15, 22, 29 de setembro; 6 de outubro

Horário: 20h (retirada de ingressos uma hora antes, na Bilheteria do Palácio das Artes)

Local: Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard

Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro /Belo Horizonte

Entrada gratuita

 Informações para o público: (31) 3236-7400 | www.palaciodasartes.com.br


“Jequitinhonha: Origem e Gesto”. (Crédito: Paulo Lacerda)

Artes Visuais e Dança são a inspiração para o novo projeto artístico da Fundação Clóvis Salgado, “Jequitinhonha: Origem e Gesto”. Nessa iniciativa inédita de junção de várias expressões artísticas ocupando a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, a Cia. de Dança Palácio das Artes (CDPA) e as Artes Visuais se unem para apresentar ao público uma criação híbrida, em que duas linguagens se tornam uma. O projeto é uma realização do Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio da Fundação Clóvis Salgado, com a correalização do Sebrae.

Com coordenação geral do artista Marco Paulo Rolla, “Jequitinhonha: Origem e Gesto” chega para celebrar, na capital mineira, dentro do Palácio das Artes, em dois momentos, a riqueza criativa do povo do Vale do Jequitinhonha. Primeiro será a inauguração, na quinta-feira (3/8), às 19h, de uma exposição panorâmica com obras dos principais artistas e artesãos da região, composta por 100 peças históricas, vindas de acervos particulares, do Centro de Arte Popular (CAP), com obras da colecionadora Priscila Freire, e do Sebrae/MG e ainda criações atuais feitas especialmente para a ocasião.

Uma ambientação inspirada no Vale foi criada no espaço da Grande Galeria para receber a exposição panorâmica, a partir dos tons terrosos, dos barrancos, das casas de pau a pique e das texturas da paisagem daquela região. Neste mesmo cenário também ocorrerá, na sexta-feira (4/8), às 20h, a estreia da coreografia da Cia. de Dança Palácio das Artes, também batizada de “Jequitinhonha: Origem e Gesto”. A partir daí, nos finais de semana, ao longo de agosto e outubro, a coreografia será encenada em sessões gratuitas.

Com concepção coletiva dos bailarinos da CDPA, a nova coreografia é resultado da pesquisa de campo realizada pelo corpo artístico do Palácio das Artes no Alto Jequitinhonha. As visitas às Associações de Artesanato e as conversas com moradores da região inspiraram um trabalho que mescla as tradições mineiras à contemporaneidade. Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, “Jequitinhonha: Origem e Gesto” é uma celebração das tradições do estado para além da Minas histórica.

“Essa produção inédita celebra as outras histórias de nosso Estado. Com a iniciativa, a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard abre espaço para todo simbolismo das ‘Gerais’, que é essa região mais profunda de Minas, com muitas histórias, culturas e tradições, bem diferentes da centralidade do Estado. O objetivo é estimular um novo olhar para a diversidade e a riqueza da produção artística de nossa terra”, destaca.

Marco Paulo Rolla, que também assina a curadoria da exposição e a direção da coreografia da Cia. de Dança, explica que o projeto foi pensado para ampliar a percepção do público a respeito do Vale do Jequitinhonha. “O objetivo é abrir uma porta para imaginar além do que o Jequitinhonha é. É uma tentativa de apresentar, na Grande Galeria, esse recorte muito sensível daquela região, a partir das origens e dos gestos que fazem parte daquela cultura que, às vezes, nos parece tão distante”, aponta o coordenador.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca a importância da iniciativa para valorizar o artesanato mineiro, especialmente o trabalho dos mais de 130 artesãos do projeto Artesanato do Vale do Jequitinhonha, atendidos pelo Sebrae. “O ‘Vale do Jequitinhonha’ foi a primeira ‘marca território’ criada para o artesanato em Minas Gerais. Essa exposição é uma grande oportunidade para fortalecer a identidade e origem do território, contribuindo para o desenvolvimento econômico local, além de divulgar a rica cultura do Vale e dar mais visibilidade às peças produzidas pelos artesãos”, destaca.

Assim como “Jequitinhonha: Origem e Gesto”, as demais atividades da Fundação Clóvis Salgado têm como mantenedores a Cemig e o Instituto Cultural Vale; além de patrocínio Master da ArcelorMittal; patrocínio da Usiminas e da Vivo e correalização das atividades da APPA – Arte e Cultura.

“Jequitinhonha: Origem e Gesto”. (Crédito Paulo Lacerda).

Um Vale, múltiplas artes

A proposta da exposição “Jequitinhonha: Origem e Gesto”, segundo Marco Paulo Rolla, é uma interpretação das culturas do Vale do Jequitinhonha a partir de múltiplos suportes. Com as obras dispostas na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, entre artesanato, pintura e videoinstalação, a exposição vai traçar uma narrativa histórica e interpretativa a respeito da formação da identidade cultural daquela região.

O barro, matéria-prima de inúmeros trabalhos artesanais, é o ponto de partida para a expografia, caracterizando todo o espaço da Grande Galeria. “É daí que surge a ‘Origem’. Nossa ideia com essa exposição é celebrar um trabalho manual, artesanal, que diz muito sobre a cultura do Jequitinhonha e todas as tradições que estão impregnadas naquele povo”, explica Marco Paulo Rolla.

A expografia também contempla uma videoinstalação com registros feitos durante a pesquisa da Cia. de Dança Palácio das Artes na região. Além disso, pinturas de Gildásio Jardim, artista natural de Joaíma, no Baixo Jequitinhonha, também fazem parte da exposição. As obras de Jardim abordam o cotidiano daquele povo, em que a personalidade do retratado se funde com as estampas do tecido. Estão representados o homem do campo, do sertão, da vida simples na roça – sujeitos invisibilizados pela sociedade que têm sua poesia estética capturada pelo olhar de Gildásio.

A Dança, os saberes e os dizeres

Para a composição da parte coreográfica do projeto, a Cia. de Dança Palácio das Artes iniciou uma pesquisa no início deste ano sobre características culturais do Jequitinhonha. Em abril, o corpo artístico se dirigiu para Turmalina, no Alto Jequitinhonha, e conheceu um pouco mais da cultura local, seu povo e suas nuances. A coleta de material envolveu visitas a espaços de artesanato e outros centros comerciais, bem como o olhar apurado dos bailarinos para as diferentes facetas da região.

De Turmalina, os bailarinos seguiram para uma jornada de encontros em três comunidades, com o intuito de entender o “Gesto”. No distrito de Cachoeira do Fanado, por exemplo, o grupo conheceu as criações em artesanato que auxiliam na renda dos moradores. Além disso, a Cia. de Dança Palácio das Artes participou de conversas com ricas trocas junto às mulheres da comunidade. A proposta era entender mais das cantigas e danças de roda que são passadas de geração em geração pelas moradoras do local. Em Campo Alegre e Campo Buriti, os bailarinos passaram por experiência semelhante ao descobrir mais detalhes sobre os costumes locais e como esse saber popular poderia ser fonte inspiradora na criação que iniciava.

Para a diretora da Cia. de Dança Palácio das Artes, Sônia Pedroso, as visitas de campo são fundamentais para a criação artística. “A dança contemporânea se espelha em urgências, pesquisas, observações e tantos outros detalhes que possam inspirar a criação de uma coreografia. Esse olhar de descoberta, que busca o diferente, o novo, o inesperado, é mais do que necessário para as criações da Cia. de Dança Palácio das Artes. É com essa pesquisa ‘in loco’ que tentamos traduzir o Vale do Jequitinhonha em nossa dança”, explica.

A bailarina Cláudia Lobo ressalta que a pesquisa é essencial para a criação coreográfica. Mesmo quando vivenciamos o campo como ‘observadores’, estando lá, o fazemos em presença e isto nos afeta. Nos afeta no corpo. Tanto no aspecto sensorial – sons, cheiros, texturas, temperaturas, imagens específicas de cada campo – quanto na transformação de novos modos de nos relacionarmos com esta especificidade que nos afeta. Tudo isso é alimento pra inspiração, estímulo à criação, para artistas, como nós, que criamos com o corpo, através do corpo. Um corpo em movimento, em ação, em estado de presença, em estado de afetação”, diz.

Já o bailarino Christiano Castro destaca que essa experiência valoriza, ainda mais, o trabalho da Cia. de Dança. “Nossas coreografias são baseadas em pesquisas e estudos de campo. Visitar uma região tão simbólica para Minas Gerais, como é o Vale do Jequitinhonha, nos ajuda a entender melhor esse local e o que há de mais rico, tanto nas pessoas quanto nos cenários e paisagens que podem habitar nosso processo criativo. Cada contato com as artesãs e moradores se torna objeto de observação e, também, inspiração para nosso trabalho”, pontua.

A partir do contato com os moradores e as múltiplas culturas da região, os bailarinos passaram a criar, coletivamente, a nova coreografia. Ao longo do processo criativo, os corpos foram incentivados a se conectar com a matéria do barro que simboliza a riqueza artística e até mesmo financeira da região.

“O Barro se transforma em cultura e o sentimento que tivemos da vivência de nossa visita àquela região para uma pesquisa, permitindo o contato com danças e cantos desta cultura e de uma origem mais distante, que nem eles sabem qual foi, mas nunca pretendem abandonar”, destaca Marco Paulo Rolla.

Na coreografia de Jequitinhonha, os bailarinos incorporam elementos da cultura do Vale para além da observação cotidiana. As famosas bonecas, por exemplo, inspiram passos que se desdobram em histórias dos moradores. Por sua vez, a vegetação característica do Vale do Jequitinhonha se incorporou no imaginário dos bailarinos e foi ressignificada a partir de corpos que irão ocupar a galeria.

Arte feita em Minas

Para realizar o projeto Jequitinhonha, o Centro Mineiro de Artesanato (Ceart) envolveu toda uma cadeia produtiva da criatividade na confecção de novas obras. Parte delas poderá ser vista na exposição, recriando o cenário real de inspiração do projeto, e as demais serão comercializadas na loja do Ceart, instalada na entrada do Palácio das Artes, no lado oposto ao da Galeria. Com isso pretende-se criar um inédito percurso entre o fazer criativo (exposto da galeria) e o meio de subsistência de grande parte dos moradores (à disposição para aquisição no Ceart).

O Centro de Artesanato foi fundado em 1969 e é responsável pela pesquisa, divulgação, comercialização e desenvolvimento do artesanato tradicional e da arte popular em Minas Gerais. O Ceart mantém um acervo de mais de 20 mil peças feitas com matérias-primas diversificadas como cerâmica, madeira, vidro, metal e fibras. As obras retratam a riqueza cultural de Minas Gerais, marcada por influências religiosas, cotidianas e regionais. Por meio delas é possível conhecer traços de personalidade do povo mineiro, seus costumes e suas tradições. Valorizando o artesão e sua obra, o Ceart contribui para ampliar as oportunidades de inclusão socioeconômica por meio dessa importante produção do artesanato tradicional e da arte popular mineira.


Texto: Fundação Clóvis Salgado


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