COM RECORDES DE PRODUÇÃO NACIONAL, VEM AÍ O 24° FestCurtasBH

Realizado pela Fundação Clóvis Salgado, festival acontece de 14 a 23 de outubro, no Palácio das Artes, e conta com exposição inédita de Efe Godoy e exibição de filmes em película

Com inspirações entre o fazer cinematográfico e o ato de sonhar – seja de olhos fechados ou não – a Fundação Clóvis Salgado (FCS) realiza mais uma edição do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. O Festival acontece entre os dias 14/10 (sexta-feira) a 23/10 (domingo) e celebra o marco de maior número de filmes nacionais inscritos em uma única edição: de 2.690 inscrições recebidas por 110 países, 946 foram nacionais e abrangeram todos os estados do Brasil. O Festival exibirá 148 filmes, entre mostras competitivas, paralelas e especiais, distribuídas ao longo de 46 programas.

Com acesso gratuito ao público, o 24º FestCurtasBH conta com sessões de filmes – com destaque para exibições em película 35mm e 16mm, comentários, mesa-redonda, debates, exposição, show de abertura, além da oficina de crítica “Corpo Crítico”, que chega à 5ª edição consecutiva. O público poderá, ainda, ter acesso on-line a parte das sessões fílmicas na plataforma CineHumbertoMauroMAIS durante o período de 14 a 24 de outubro.

A programação é presencial e ocupa os espaços do Cine Humberto Mauro, Sala Juvenal Dias e Galeria Aberta Amílcar de Castro, no Palácio das Artes. A mostra conta, também, com a ocupação do Espaço Mari’Stella Tristão pela artista plástica Efe Godoy, que entrelaça seu hibridismo entre desenho, pintura, música e performance à proposta do Festival, com uma exposição individual inédita. Com abordagens que perpassam a reflexão de gênero e o onírico nas artes, as obras de Efe retratam frequentemente animais e plantas em simbiose com o humano, além de aspectos da vida cotidiana, da memória e do passar do tempo. A exposição gratuita PARA SONHAR IMAGENS DE TRANSFORMAÇÃO tem curadoria de Matheus Antunes e ficará em cartaz do início do Festival até o dia 30 de outubro de 2022.

Mostras Competitivas e Paralelas: compreender a urgência do momento – O 24º FestCurtasBH conta com uma programação diversificada e estimulante que apresentará, no caso das Mostras Competitivas, produções recentes nacionais e internacionais, bem como uma mostra de caráter competitivo dedicada exclusivamente à produção mineira. Os filmes selecionados para as Mostras Competitivas serão avaliados por um Júri Oficial e concorrerão ao Troféu Capivara de Melhor Filme em cada categoria (Minas, Brasil e Internacional). Além dos prêmios oficiais do Júri, todos os filmes selecionados que participam de mostras competitivas e paralelas concorrem ao prêmio do Júri Popular, que será definido a partir de votação do público durante a mostra.

Em uma seleção que propõe formas singulares de articular debates em torno dos filmes contemporâneos, as mostras paralelas abordam e interpelam temáticas que incidem fortemente no presente: Gatas Reflexivas aborda conexões fílmicas que são um convite para bailar com os pensamentos, deboches e mistérios que os diferentes corpos podem ter a capacidade de inventar e questionar. Filmes Decoloniais? trata sobre perspectivas decoloniais de intervenção e transformação do atual estado das coisas, ao mesmo tempo em que se interroga a própria noção e a aplicação do conceito. Mundos em Colapso traz narrativas distópicas ou ancoradas na realidade que apresentam a vida humana em risco. O 24º FestCutasBH também traz as já tradicionais mostras Juventudes, Infantil e Animação; e tem retorno da Sessão Maldita, que explora diferentes abordagens do terror, do suspense e do horror no cinema.

Mostras especiais: sonhar o futuro da vida – A temática especial da 24ª edição dedica-se à relação entre cinema e sonho. Partindo de uma concepção ampla da ideia de sonho, a abordagem das mostras não se limita a pensar a representação da experiência onírica nas imagens em movimento, e sim de considerar suas múltiplas potências, tanto estéticas quanto políticas.

O tema se desdobra em duas mostras especiais: de olhos abertos, tem alguém que sonha e Soft Dreams. Em de olhos abertos, tem alguém que sonha, as curadoras Kênia Freitas e Ingá Patriota optaram por aproximar “filmes que transportam consigo não necessariamente uma referência explícita, mas algo da própria matéria vertente dos sonhos”. Para tanto, as curadoras propuseram três eixos: “Encontro com antepassadas”, “Transmutar a luta” e “Onírico delírio”. Ao entrelaçar esses caminhos e filmes, elas convocam a mostra “como um ato de sonhar coletivamente, de olhos abertos, em uma sala de cinema”.

Já Soft Dreams conta com a curadoria de Emmanuel Lefrant, convidado internacional. Para a mostra especial, o curador francês mergulha no arquivo da Light Cone, principal distribuidora europeia de filmes experimentais e da qual Lefrant é diretor, para propor relações entre cinema e sonho, historicamente fecundas nos filmes de vanguarda. Soft Dreams é composta de dois programas, Sonho, transe e alucinação e Sonho e narrativas, criando uma espécie de díptico que mutuamente se aproximam e se tensionam. Os filmes serão exibidos em 35mm e 16mm.

Lefrant também está à frente de uma terceira sessão, co-programada pelo curador e pesquisador brasileiro Lucas Murari, igualmente constituída de filmes do acervo da Light Cone, mas desta vez em diálogo com o recém-lançado livro Expanded Nature – Écologies du cinema expérimental [Natureza Expandida – Ecologias do cinema experimental]. O livro, ainda inédito em português, “contempla a maneira como artistas, cineastas e coletivos de diferentes partes do mundo formam uma comunidade com outros viventes não humanos e trabalham através de seus filmes para desconstruir o privilégio humano. No cruzamento de disciplinas, antropólogos, filósofos, cineastas, pesquisadores em estudos visuais, se reúnem e investigam outra história do cinema, escrita do ponto de vista da Natureza”.

Exposição: olhar para dentro como partilha – A exposição PARA SONHAR IMAGENS DE TRANSFORMAÇÃO, da artista Efe Godoy com curadoria de Matheus Antunes, surge em consonância com a programação e a reflexão trazida para o Festival. Partindo da ideia do sonho e da capacidade de fabular, as obras em diversos suportes ocupam uma galeria banhada em cor de rosa, que convida o público a emergir em “imagens de transformação” – conceito que também parte das reflexões do neurocientista Sidarta Ribeiro, especialmente em sua publicação Sonho Manifesto: Dez exercícios urgentes de otimismo apocalíptico (2022), que inspira e perpassa todo o Festival.

Para curador e artista, uma das principais práticas vivida nos últimos tempos, principalmente após a situação pandêmica, é a necessidade conjunta de fabular partindo das singularidades de cada indivíduo. A exposição de Efe vem como um convite a essa imaginação que impulsiona a construção de um novo caminho. As obras, com um forte teor de realismo fantástico, incluem uma série de 18 aquarelas desenvolvidas pela artista em residência, que serão expostas pela primeira vez. O ineditismo também está na primeira individual de Efe no Palácio das Artes.

O convite para a partilha também está na presença da artista na galeria: durante momentos pontuais ao longo da exposição, Efe ocupará o espaço Mari’Stella Tristão como um ateliê, reformulando, refazendo e repensando obras ali expostas. PARA SONHAR IMAGENS DE TRASNFORMAÇÃO lida com o ser visceral de uma forma delicada, sempre retornando para um convite ao sonho, ao acolhimento e à internalização.

24º FestCurtasBH – O FestCurtasBH, a exemplo das edições anteriores, promove a valorização da produção curta-metragista em seus diversos contextos e abordagens, contribuindo para pensar a contemporaneidade junto ao público em constante processo de formação e transformação, e evidenciar um cinema engajado estética e politicamente nas diversas lutas históricas. Durante os dez dias de evento, o público terá acesso a um conjunto representativo da atual produção cinematográfica nacional e internacional, a filmes reunidos em torno de temáticas de marcada relevância e, ainda, a obras que promovem uma conversa fílmica fecunda e original. O público poderá conferir como produções em curta-metragem têm expressado de forma inquieta e inventiva os processos históricos, urgentes e emergentes. 

Ministério do TurismoGoverno de Minas Gerais e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam o 24º FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, que tem correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio máster da CemigArcellorMittalAngloGold Ashanti e Usiminas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Embaixada da França no Brasil e da Aliança Francesa.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo.

Cine Humberto Mauro – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som dolby digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes 43 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como à criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise e Curta a Tela, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.

Fundação Clóvis Salgado – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem o campo onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Artes e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

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