PARQUE MUNICIPAL RECEBE CONCERTO EM HOMENAGEM AOS 60 ANOS DO ENCONTRO ENTRE MILTON NASCIMENTO E MÁRCIO BORGES, QUE DEU ORIGEM AO CLUBE DA ESQUINA

A obra, da série Concertos no Parque, será executada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob regência do maestro convidado Marcelo Ramos


CONCERTOS NO PARQUE | SUÍTE DO CIGANO

Data: 24 de setembro – domingo

Horário: 10h30

Local: Palácio Parque Municipal Américo Renné Giannetti

Entrada gratuita (sujeita à lotação do espaço)

Classificação Indicativa: Livre

Informações para o público: (31) 3236-7400 | www.fcs.mg.gov.br


Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – Concertos no Parque. (Crédito: Paulo Lacerda).

Dentro das comemorações dos 60 anos do encontro entre Milton Nascimento e Márcio Borges, gênese do Clube da Esquina, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) apresenta, no domingo (24/9), às 10h30, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, a obra sinfônica “Suíte do Cigano”, de Márcio Borges, em parceria com a maestrina, Claudia Cimbleris. O evento tem entrada gratuita e tradução em libras e recursos para assegurar o acesso de pessoas com deficiências auditivas e visuais. Márcio é um dos criadores e principais letristas do Clube da Esquina que, além de revolucionário movimento musical ou grupo, representa, antes de tudo, amizades e arte que persistem.

A obra, da série Concertos no Parque, será executada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – OSMG, sob regência do maestro convidado, Marcelo Ramos. O evento vai celebrar ainda os 87 anos da Rádio Inconfidência, no recente dia 3 de setembro.

O Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult/MG), por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam “Concertos no Parque – Suíte do Cigano”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm como mantenedores Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Master da ArcelorMittal, Patrocínio da Usiminas e da Copasa e Correalização da APPA – Arte e Cultura. A série Concertos no Parque, produzida pela Pólobh, compõe a programação da Temporada Pólobh 7ª.

História, estória, lenda, coincidência, destino, sorte ou acaso. Fato é que, antes da mítica esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde se consagrou, o Clube da Esquina era gerado no Centro da cidade, quando Milton Nascimento trocou sua cidade, Três Pontas, pelo Edifício Levy, lar da família Borges, na Avenida Amazonas. Isso, mesmo que o termo, Clube da Esquina, só surgisse em 1969 e ainda nem designava a turma ou o movimento. As pessoas ainda estavam se conhecendo.

Procurando e achando amizades, Milton conheceu Lô Borges, irmão de Márcio, nas escadas do Levy, onde em seguida foi “adotado” por toda a família. Milton já era amigo de Wagner Tiso, “o cigano do grupo”, em Três Pontas, com quem havia tocado na banda W’Boys.

No texto, “Do Clube da Esquina à Suíte do Cigano”, Márcio Borges lembra: “Um belo dia de 1963, a família aumentou com a chegada de um amigo tão especial que logo se tornou nosso décimo segundo irmão. Era o rapaz recém-chegado de Três Pontas, uma cidadezinha cafeeira do sul de Minas; alegre, engraçado, meio tímido, que atendia pelo apelido de Bituca. Seu nome era Milton Nascimento. Muito rapidamente eu e Bituca nos tornamos melhores amigos, dois jovens sonhando com cinema, arte, justiça social e revolução. A partir dessas afinidades e intensa amizade, inauguramos uma parceria musical que se estende por 60 anos de nossas vidas”.

Márcio Borges. (Crédito: Isabela Borges)

Amizade e parceria que continuaram e continuam com dois outros principais letristas, Fernando Brant (1946-2015) e Ronaldo Bastos. E claro, com os muitos outros “sócios”, compositores, arranjadores e instrumentistas do Clube da Esquina, de excepcional talento e consagradas trajetórias individuais; como os já citados Milton, Márcio e Lô Borges,  Wagner Tiso, mais Marilton Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Flávio Venturini, Tavinho Moura, Nivaldo Ornelas, Nelson Ângelo, Novelli, Murilo Antunes e “tantos outros amigos queridos”.

Uma miscelânea de várias influências – incluindo o filme “Jules et Jim” (1962), de François Truffaut, ode ao amor e à amizade – um caldeirão de talentos, cunhando uma música original, única, universal; o maior ou um dos maiores movimentos musicais do Brasil, como a Bossa Nova.

Nestas infinitas influências – asfalto e terra – o folclore, a música sacra, o jazz, Beatles, a mesma Bossa Nova e a música erudita, a clássica, que Márcio Borges ouvia com a avó Raimunda: “Tchaikovsky, Mahler, Ravel, Debussy e um enorme etcétera”, confessa Márcio.

Provavelmente daí a viagem “Do Clube da Esquina à Suíte do Cigano”, de Márcio Borges.

Continua Márcio. “Jamais me considerei um músico. Tudo que aprendi foi vendo, convivendo e ouvindo os grandes mestres. Até que veio o fatídico ano de 2020, com a pandemia. Passei dois anos e seis meses trancafiado no meu sítio, na Serra da Mantiqueira. Foi quando meu filho, José Roberto, me presenteou com um desses apps de orquestração por computador. Comecei a escrever notas diretamente na pauta, apenas para ouvir os sons que o computador reproduzia. Senti que alguma coisa muito antiga e ancestral estava tentando se expressar. Na minha mente foi tomando forma uma história, uma saga, ao mesmo tempo épica, mística e circense, narrando o encontro de um ser espiritual, um guia inspirador, com um simples poeta na Terra. O ser mágico se identifica como Cigano do Egito, que vem a ser o doador do dom da escrita ao pequeno poeta desde os tempos primordiais. O Cigano vindo do mundo espiritual com suas proezas, facetas místicas, origens e prodígios, através dos nove movimentos instrumentais que compõem a Suíte – destaque para o 4º movimento, Revelação, com a música incidental Ponto do Tupinambá, de Déa Trancoso. Na fase de minhas elucubrações, entra minha esposa e agente Cláudia Brandão. Ela não só gostou como começou a insistir que eu deveria levar a brincadeira a sério. Claudinha deu os passos mais importantes para a realização do projeto. Num encontro em Belo Horizonte, ela confidenciou à nossa amiga, a grande maestrina e professora de professores, a genial Claudia Cimbleris, minhas aventuras orquestrais e se ela não se disporia a dar uma olhada e talvez ‘corrigir’ minhas inexperientes ideias orquestrais. Claudia Cimbleris abraçou o desafio e fui vendo minhas ideias apenas jogadas na pauta, melodias, harmonias, contracantos, floreios, ritmos e tempos, se tornarem partituras verdadeiramente reais e executáveis. Ela passou a limpo meus erros, corrigiu arestas, arredondou tudo e foi absolutamente fiel às minhas ideias originais, por mais esdrúxulas. E fez mais: imprimiu no meu trabalho sua sabedoria musical, sua expertise repleta de sutilezas e me fez assim o mais feliz dos homens. Passei 60 anos sendo poeta e escritor profissional. E agora, aos 77 anos, me vejo transformado, por influência, amizade e amor de duas Cláudias, num compositor erudito. Não é pequena a emoção”.

E assim, do Mundo, de Minas Gerais, o Clube da Esquina é um saveiro, pronto para repartir, rumo a novos mares e mais 60 anos de magia.

Centro da Esquina

A apresentação de final de ano da Escola de Música do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, também será uma homenagem ao Clube da Esquina, reconhecido em todo o mundo pela sua riqueza musical. A apresentação quer envolver estudantes e professores da Escola de Música do Cefart em torno dessa diversidade musical. Serão apresentadas músicas emblemáticas do Clube da Esquina, instrumentais e cantadas, com a participação dos alunos da Escola de Música e dos grupos musicais do Cefart, como Big Band, banda sinfônica, grupos de choro, orquestra de cordas, coro sinfônico, coral infantojuvenil e alunos de musicalização para adultos. Dia 29 de novembro no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.


Texto: Fundação Clóvis Salgado


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