Procedimento, feito a partir de tecnologia de escaneamento a laser, será importante para implementação de novas medidas de acessibilidade, entre outras iniciativas
Mapas são representações gráficas, em escala reduzida, de uma superfície; um diagrama, um gráfico, um quadro, uma planta que orienta e define construções. O Palácio das Artes passou por mapeamento digital inovador, realizado pela Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes (APPA), confirmando a importância desse tipo de registro.
As Pirâmides do Egito são um exemplo histórico do quanto a preservação de mapeamentos faz falta. As únicas das Sete Maravilhas do Mundo, ainda existentes, não são magníficas e indecifráveis obras criadas por alienígenas, mas frutos de geniais arquitetos e milhares de escravizados. Foram erguidas com tanta perfeição que, mesmo com a tecnologia de hoje, não existiriam. E, com certeza, um dia, foram planejadas em papiros.
Séculos depois; sabemos ser pouco provável que plantas e projetos usados para levantar castelos, palácios, pontes, muralhas, monumentos e infinidade de outros patrimônios mundiais existam e expliquem como o engenho e a arte, dos homens, produziram tanta beleza e perfeição. “Tudo que é Sólido Desmancha no Ar”. Documentos perdem-se ou são destruídos com ou pelo tempo.
A já citada tecnologia pode não produzir novas pirâmides, mas sem mágica ou milagre mostra o mapa ou mapeamento da “mina”.
Hoje e em Belo Horizonte, a mesma tecnologia, aliada ao patrimônio, abre um novo capítulo na história do Palácio das Artes.
Mais que um novo capítulo, a palavra principal, ao aliarmos tecnologia e patrimônio, é LEGADO pois, vão-se as cabeças, ficam as coroas.
Com muita inovação, o complexo da Fundação Clóvis Salgado (FCS) passou por processo inédito de levantamento arquitetônico. Por meio de uma tecnologia de escaneamento a laser, cada centímetro de todos os espaços do Palácio das Artes encontra-se mapeado, digitalizado e preservado para a posteridade.
A partir do escaneamento, foi realizada uma modelagem 3D que resultou em um registro preciso e altamente detalhado de toda a edificação. O nome da técnica é “BIM – Building Information Modelling” (Modelagem da Informação da Construção). O processo durou oito meses e valeu cada minuto, cada centímetro.
Com um custo de R$150 mil, o levantamento arquitetônico foi realizado pela APPA – Cultura & Patrimônio e cedido à Fundação Clóvis Salgado. Trata-se de uma grande herança para a memória da instituição histórica que migra de um mapeamento analógico e passível de perdas e danos para a segurança do ambiente digital.
A computação das medidas gerou 79 pranchas. A iniciativa traz inúmeras repercussões práticas para a operação do Palácio das Artes. A partir do escaneamento, é possível planejar milimetricamente cenários, pensar em sinalizações espaciais, organizar e reorganizar setores antes mesmo das intervenções físicas. Além disso, o levantamento será peça-chave para a elaboração de novas medidas de acessibilidade em todos os espaços do complexo cultural.
“Gostaria de enfatizar o mapeamento arquitetônico e espacial do Palácio das Artes como legado e herança. Assim como no passado, nossa gestão vai passar, mas o Palácio das Artes, às vésperas de completar 55 anos, em 2026, fica. Este mapeamento, guardado, preservado, não apenas na Fundação Clóvis Salgado, mas em outras instituições, como o Iepha, é a garantia de que futuras administrações e gerações tenham em mãos a ferramenta ideal para outros restauros no prédio; montagens e usos de todos os seus espaços. Um presente para o patrimônio de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil, para que o Palácio das Artes continue como o maior complexo cultural da América Latina”, garante Sérgio Rodrigo Reis, presidente da FCS.
Reiterando, Felipe Xavier, presidente da APPA: “Esse levantamento proporcionará agilidade e precisão em qualquer intervenção física futura a ser realizada no Palácio das Artes. Isso impactará ainda em economicidade nos contratos uma vez que essa etapa, antes realizada, em cada contrato, foi superada para todo o equipamento”.
“Entre os principais desafios para este trabalho, posso destacar as próprias dimensões da edificação. A Fundação é um complexo formado por vários espaços. Além disso, é preciso lembrar que todo o levantamento foi realizado enquanto o prédio estava em pleno funcionamento e com todas as atividades acontecendo regularmente”, explicou a coordenadora geral de Projetos de Patrimônio Cultural da APPA, Fernanda Ghirotto, que coordenou o trabalho.
Esse é apenas o capítulo inicial de um amplo projeto de restauro do Palácio das Artes e de todos os espaços da Fundação Clóvis Salgado. A partir de 2025, o complexo vai passar por um processo de restauração de toda a sua estrutura.
Fica a dica para piratas, “marcianos, canibais, lírios, pirados e, claro, faraós embalsamados”.
Texto: Fundação Clóvis Salgado