Em outubro foram realizadas as oficinas “Pintando o 7 no Mundo dos Gatos” e “Pífano – toques tradicionais e técnicas de fabricação”.
O Programa Educativo do Centro do Patrimônio Cultural CEMIG e Pinacoteca CEMIG Minas Gerais realizou recentemente duas oficinas que reuniram educação, história e arte para promover o encontro entre o patrimônio cultural e a comunidade. As atividades refletem o compromisso com a requalificação do histórico “prédio verde”, na Praça da Liberdade, transformando-o em um espaço educativo e cultural vivo. O projeto educativo é realizado paralelamente às obras de restauração do espaço físico e busca despertar o sentimento de pertencimento e cidadania, além de conectar as pessoas ao patrimônio cultural de Minas Gerais.
Segundo Lídia Mendes, Coordenadora do Programa Educativo, as atividades não apenas acompanham o processo de revitalização, mas também o traduzem de forma acessível ao público. “Promover essas ações educativas para a promoção do patrimônio no projeto do Centro do Patrimônio Cultural Cemig é significativo para a cultura de Belo Horizonte e de Minas Gerais, ao valorizar o patrimônio por meio de ações gratuitas e diversas. Com essas oficinas, aproximamos o público do conceito de patrimônio – não apenas como algo distante e imutável, mas como parte integrante de suas vidas, algo próximo e tangível”, explica.
O programa inclui visitas guiadas às áreas em restauração, onde profissionais envolvidos no projeto, como mestres de obras e restauradores, compartilham as curiosidades e técnicas dos bastidores desse processo minucioso. Lídia destaca a importância desse encontro entre o público e o processo de restauro: “Convidamos os profissionais para falarem diretamente com as pessoas. É uma oportunidade rara, e muitos visitantes, especialmente os jovens, saem impressionados com a complexidade do trabalho, passando a enxergar o patrimônio com outros olhos.”
Oficina “Pintando o 7 no Mundo dos Gatos”: Crianças em contato com a memória e a cidade
No dia 19 de outubro, Clarita Gonzaga, Coordenadora de Produção do Programa Educativo, levou as crianças para um mundo lúdico e cheio de descobertas com a oficina “Pintando o 7 no Mundo dos Gatos”. Realizada na Escola de Design da UEMG, a atividade reuniu um grupo de crianças de 8 a 10 anos para um exercício de contação de histórias e criação de personagens – representados como gatos – que percorrem os espaços históricos da cidade.
Foto: Poly Acerbi
Clarita explica que a escolha do gato como símbolo não foi por acaso: “Esse personagem representa o cidadão, aquele que anda pela cidade e ocupa seus espaços. Foi incrível ver como as crianças entraram nessa dinâmica, trazendo suas próprias interpretações e histórias. A experiência com o público infantil é única; eles se engajam, imaginam com a gente e acabam por envolver suas famílias. Mostrando para as crianças a beleza de ocupar os espaços públicos, elas acabam estimulando as famílias a fazerem o mesmo.”
Durante a oficina, as crianças circularam por cenários fictícios de Belo Horizonte, onde se imaginaram como exploradores urbanos, conectando suas experiências à história e à cidadania. Assim, desde a infância, são encorajadas a desenvolver um olhar cuidadoso e respeitoso para os espaços culturais e públicos. Como Clarita enfatiza, “fazer parte da construção dessa relação é gratificante, pois vemos o interesse delas por esses temas crescendo”.
Oficina de Pífanos: um encontro entre o patrimônio material e imaterial de Minas Gerais
Foto: Poly Acerbi
No dia 23 de outubro, o pátio do prédio verde foi o cenário para uma aula especial sobre pífanos – flautas típicas do nordeste e do interior mineiro – com Daniel de Lima Magalhães e José Corrêa de Sousa, o Zezito. Contou ainda com a participação de Geraldo Gregorio Ferreira e Eustáquio Coelho. Os ministrantes e convidados pertencem ao grupo Pipiruí, de Conceição do Mato Dentro-MG, e membros da comunidade de Sumidouro, de Santa Bárbara-MG. A oficina contou com cerca de 20 participantes que, além de aprenderem sobre o processo de fabricação dos pífanos, puderam tocar o instrumento e conhecer a história por trás dessa tradição musical.
Daniel Magalhães, musicólogo, pesquisador e luthier, foi o mestre responsável por conduzir a oficina. Reconhecido por seu trabalho em preservar as flautas tradicionais mineiras, Daniel comentou sobre a importância de levar o saber dos pífanos a novos públicos: “Mostrar essa técnica de produção e os toques tradicionais é uma forma de preservar e valorizar a cultura. A cada vez que esse saber é transmitido, ele se renova. Nessa oficina, mostramos uma técnica adaptada, usando canos de PVC, que facilita o aprendizado inicial sem perder a essência artesanal. O mais valioso é o público poder conversar diretamente com os mestres, absorver esse conhecimento de perto.”
A troca entre os participantes e os mestres proporcionou momentos de aprendizado e emoção. Caca Campos, professor de música e um dos participantes, compartilhou sua experiência: “Eu sempre associei o pífano à cultura musical nordestina, mas foi uma grata surpresa descobrir como essa tradição também é forte em Minas. Essa aula, dada por mestres e em um espaço histórico como o prédio verde, torna a oficina ainda mais especial, enriquece nossa relação com a cultura local.”
Para Luiz Molinari, Diretor de Promoção do IEPHA, a propagação desse saber popular é essencial para a preservação das origens culturais: “Espalhar esse conhecimento valoriza suas raízes. Ver mestres como o Daniel, que conecta pessoas por meio do saber e do fazer, formando uma rede de preservação, é emocionante e inspirador.”
Envolvimento e participação: o impacto das oficinas na comunidade
O programa educativo tem atraído um público diversificado e contou com a participação de cerca de 40 pessoas nessas duas oficinas. Para Lídia Mendes, o maior ganho dessas atividades é construir um espaço em que as pessoas se sintam parte do processo de restauração, seja por meio das histórias contadas, dos saberes compartilhados ou da própria ocupação do espaço físico. “Nosso objetivo é que os participantes saiam com uma nova visão sobre o patrimônio e que essa experiência se estenda às suas vidas.”
Com programas e ações como essa, a APPA reafirma seu compromisso com a educação patrimonial e cultural de Minas Gerais. Fique atento às nossas redes sociais e ao site para acompanhar a programação e garantir sua participação nas próximas oficinas.
O projeto de requalificação do Centro do Patrimônio Cultural CEMIG e Pinacoteca CEMIG Minas Gerais é uma realização do Ministério da Cultura, do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, do IEPHA, do Circuito Liberdade e da APPA – Cultura & Patrimônio. O Projeto conta com o Patrocínio Master da CEMIG, Apoio Financeiro do BNDES e os Patrocínios da Gerdau e Ambev. É viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal – União e Reconstrução..
Texto: Matheus Marinho