O Centro será um estuário das tradições e manifestações culturais de todo o Estado, além de referência do patrimônio material e imaterial de toda Minas Gerais
A restauração do icônico prédio verde do conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade segue a todo vapor, para sediar o Centro do Patrimônio Cultural Cemig, além do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
As obras prometem oferecer para a população mais um equipamento cultural para o Circuito Liberdade, fomentando toda a cadeia do turismo, da cultura e da economia criativa.
Com o adiantar do restauro, a imponente escadaria da antiga Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas, está sendo totalmente revitalizada. Importada da Bélgica, assim como as escadarias do Palácio da Liberdade e do Centro Cultural Vale, ela foi toda construída em ferro forjado.
Ícone histórico
Única e imponente, a escadaria chama atenção por sua beleza e riqueza de detalhes. Projetada no Brasil e trabalhada na Bélgica, na verdade a escadaria foi fabricada na Alemanha, sendo um raro exemplar do estilo art-noveau, com ornamentação floral, utilizando o sistema de construção desmontável Joly, considerado um grande avanço tecnológico na época.
A escadaria do Prédio Verde foi encomendada juntamente com a do Palácio da Liberdade, como atesta a documentação do Iepha: “Escadarias para o Palácio Presidencial e para as Secretarias do Interior, da Agricultura e das Finanças. Bruges e Rio de Janeiro 1896.12.10 – 1897.07.28“.
As peças da escadaria chegaram ao Brasil no ano de 1897, quando foi montada e passou a integrar um lugar de destaque na então Secretaria de Estado, formando um belo conjunto artístico com os vitrais, na parte frontal do edifício.
Projeto Educativoo
Além do restauro, as ações incluem a implantação do Programa Educativo do Centro do Patrimônio Cultural Cemig. O objetivo é promover a educação patrimonial com ações inclusivas, democratizando o acesso à cultura.
Voltado para o público escolar, universitário e público em geral, o Educativo trabalha com a memória, apresentando conceitos que circundam as questões patrimoniais, sendo essencial, contudo, que esse conteúdo dialogue com as pessoas, de maneira que sintam-se convidadas à reflexões críticas ao patrimônio histórico que estão visitando. Isso leva o visitante a ocupar o espaço, sentindo-se pertencente ao bem histórico.
De julho a dezembro, serão desenvolvidas várias atividades pelo Educativo, com oficinas de educação patrimonial e visitas orientadas. Nas visitas é possível conhecer ações de restauração de elementos artísticos, que estão em andamento no prédio, assim como conhecer a marcenaria de restauração, criada provisoriamente com esse objetivo.
No mês de junho foram realizadas visitas com jovens da ASSPROM – Associação Profissionalizante do Menor de Belo Horizonte.
Restauração a todo o vapor
Para dar vida ao Centro do Patrimônio, as obras de restauração avançam pelo hall de entrada, primeiro e segundo andares, além das paredes e forros. As pinturas parietais serão todas revitalizadas e algumas restauradas, assim como o vitral.
Já estão em andamento o tratamento e restauração dos pisos, recomposição de forros de gesso e pintura, restauro e troca das esquadrias. Posteriormente, será feita a restauração de pintura de teto e paredes.
Equipe renomada
Para o arquiteto Flávio Milagres, da APPA – Cultura & Patrimônio, coordenador do projeto de restauração, “hoje contamos com uma equipe de destaque nacional em restauração. Para um prédio como esse, temos que fazer uma restauração muito cuidadosa e criteriosa. Todo o projeto foi elaborado pelo renomado arquiteto Flávio Grillo. Para tudo isso, temos uma parceria com a Construpower, uma das maiores em obras de restauração em bens tombados do Brasil. Além do seu know-how, foi montada uma equipe com os nomes mais qualificados do país em restauração”.
O edifício
De arquitetura eclética, o edifício faz parte do projeto original da Nova Capital do Estado de Minas Gerais, sendo uma das primeiras construções da nova capital, inaugurada em 1897.
Projetado pelo arquiteto pernambucano José de Magalhães, que integrava a comissão construtora de Belo Horizonte – o mesmo arquiteto que projetou o Palácio da Liberdade – o prédio tem estilo eclético, com influência do neoclássico. Entre o segundo e terceiro andares existe uma porta e um vitral que dão para uma varanda que se debruça sobre o pátio interno. Nas paredes do grande hall, estão pinturas parietais do artista plástico Frederico Antônio Steckel, o mesmo que decorou internamente o Palácio da Liberdade.
O restante do prédio histórico é composto por amplas salas, com enormes pés direito. Na fachada posterior, possui uma entrada secundária, de menor suntuosidade que a principal e que fica um nível abaixo desta.
O edifício, por suas características históricas, é um bem do povo mineiro, e integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade, cujo tombamento, pelo IEPHA-MG, compreende a Praça da Liberdade, seus jardins, alamedas, lagos, hermas, fontes e monumentos, bem como os prédios das Secretarias de Estado da Fazenda, Obras Públicas, Educação, Segurança Pública, e Interior e Justiça, pelo seu aspecto externo, incluindo as fachadas de frente, laterais e posteriores, e seu interior com decorações, escadarias monumentais, pinturas de tetos, painéis, vitrais e os prédios dos Palácios da Liberdade e dos Despachos.
O Projeto de Requalificação e Modernização do Centro de Patrimônio Cultural de Minas Gerais é viabilizado pela Lei Federal Incentivo à Cultura. É uma realização do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, por meio do Circuito Liberdade e do Iepha-MG. Tem patrocínio master da Cemig e patrocínio da Gerdau. A correalização é da APPA – Cultura & Patrimônio.