NOS 120 ANOS DE NASCIMENTO SE YASUJIRO OZU, CINE HUMBERTO MAURO PROMOVE MOSTRA EM HOMENAGEM AO MESTRE DO CINEMA JAPONÊS

Aclamados pela combinação de discrição estética e complexidade temática, 29 filmes de Ozu serão exibidos em diversos formatos, incluindo cópias restauradas e obras em película; programação promove ainda diálogos com os trabalhos de outros diretores, como Wim Wenders, Paz Encina, Pedro Costa, e o mineiro André Novais Oliveira.


A ROTINA TEM SEU ENCANTO: 120 ANOS DE OZU

Data: 12/12 (terça-feira) a 29/12 (sexta-feira)

Horários: Variáveis

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Classificações Indicativas: Variáveis

ENTRADA GRATUITA, COM RETIRADA DE INGRESSOS A PARTIR DE 1 HORA ANTES DAS SESSÕES, NA BILHETERIA DO CINEMA

Informações para o público: (31) 3236-7400


Flor de Equinócio. (Créditos: Yasujiro Ozu)

O mais japonês dos cineastas. Ao mesmo tempo, o mais universal dos japoneses. Há 120 anos, em um 12 de dezembro, nascia Yasujiro Ozu. O realizador viveu por 60 anos, e então faleceu no mesmo dia em que havia chegado ao mundo. Seis décadas depois de sua morte, a Fundação Clóvis Salgado apresenta uma homenagem ao grande mestre japonês. Para celebrar uma vida e uma obra tão complexa quanto discreta, a data escolhida não poderia ser outra. A partir do dia 12/12 (terça-feira), o Cine Humberto Mauro promove a retrospectiva A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu, com 29 filmes – 12 dos quais também estarão disponíveis na plataforma cineHumbertoMauroMAIS – que cobrem mais de 30 anos de sua prolífica carreira. A mostra vai até o dia 29/12 (sexta-feira), trazendo obras em diversos formatos, incluindo exemplares em película 16 mm. A programação também contempla trabalhos de outros cineastas que estabeleceram algum tipo de diálogo com a obra do diretor japonês, como o iraniano Abbas Kiarostami, o estadunidense Leo McCarey, o alemão Wim Wenders, a paraguaia Paz Encina e, em especial, o mineiro André Novais Oliveira. A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita, com retirada de ingressos a partir de 1 hora antes das sessões, na bilheteria do cinema.

Como complemento aos filmes, a mostra conta com sessões comentadas, debates e palestras. Dentre os convidados estão os professores e pesquisadores Denilson Lopes (UFRJ) e Mariana Souto (UnB), o cineasta e jornalista Gabriel Carneiro (Unicamp), o pesquisador Luiz Fernando Coutinho (UFMG), o curador, diretor e pesquisador Ewerton Belico e, de forma on-line, a professora e cineasta paraguaia Paz Encina. A retrospectiva ainda será marcada pelo lançamento de um caderno de crítica desenvolvido especialmente para esta ocasião, proporcionando uma experiência mais rica e enriquecedora para o público a partir do encontro com as obras singulares de Ozu, como Dias de Juventude (1929), Filho Único (1936), Pai e Filha (1949), Ervas Flutuantes (1959), A Rotina tem seu Encanto (1962), e aquela que é considerada sua obra-prima, Era uma vez em Tóquio (1953), dentre outros.

Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a retrospectiva A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm como mantenedores Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Master da ArcelorMittal, Patrocínio da Usiminas e Correalização da APPA – Arte e Cultura. Governo Federal, Brasil, União e Reconstrução

Era uma vez em Tóquio. (Créditos: Yasujiro Ozu)

Um artesão cinematográfico habilidoso – O estilo de Yasujiro Ozu pode ser reconhecido tanto pela simplicidade narrativa e visual quanto pela complexidade que se forma na sutileza poética com a qual o cineasta tratou de uma série de questões profundamente humanas, como a solidão, as relações familiares, o envelhecimento, as transformações sociais e os embates entre tradição e modernidade. Todas temáticas universais, mas que giram em torno de um referencial temático claro: a (re)formação da identidade cultural do povo japonês. “Entre o particular e o geral, o rotineiro e o encantador, a discrição estética e a sensibilidade humana, Ozu trilhou um caminho muito próprio na História do Cinema. E foi seguido. Seu legado inspirou artistas por todo o mundo”, destaca Rodrigo Azevedo, produtor do Cine Humberto e colaborador na curadoria da mostra. 

Além de um conjunto representativo de longas-metragens realizados pelo diretor, a retrospectiva A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu vai além, buscando ecos do trabalho do cineasta. Da francesa Claire Denis ao brasileiro Ozualdo Candeias, do português Pedro Costa ao sul-coreano Hong Sang-soo, a influência de Ozu será compreendida não apenas por comparação, mas pela riqueza de seus desdobramentos. O destaque fica com André Novais Oliveira, cineasta da produtora Filmes de Plástico, considerado um dos mais importantes realizadores contemporâneos do Brasil. A conexão Novais-Ozu revela não só uma afinidade poética – em especial no olhar sobre o cotidiano e as relações diárias –, mas também entre culturas, povos e representações. De Novais, serão exibidos os longas-metragens Ela Volta na Quinta (2014), Temporada (2018) e o recém-lançado O Dia Que Te Conheci (2023).

A coincidência com o período natalino também tem razão de ser, já que o trabalho de Ozu é distinto por sua abordagem contemplativa e sensível da vida comum. “Dezembro encerra o ano e nos direciona a encarar os ciclos que se findam e se iniciam. Em um momento do ano marcado pela celebração familiar e reflexão, os filmes de Ozu proporcionam uma oportunidade para os espectadores se voltarem a temas universais, encontrando beleza no dia a dia e pensando na importância dos laços familiares, valores atemporais que ressoam de maneira especial durante a época natalina”, ressalta Vitor Miranda, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e curador da mostra.

Com sessões dos programas Cinema e Psicanálise História Permanente do Cinema, a curadoria passa por diversas fases da carreira de Yasujiro Ozu, com filmes silenciosos, falados, em preto e branco e coloridos. De fragmentos de obras perdidas e seu mais antigo filme ainda completamente preservado aos remakes que Ozu fez de seus próprios filmes e sua última obra, a mostra cobre um vasto período histórico, com filmes feitos antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, conflito que marcou profundamente o Japão e o cinema de Ozu. “Este projeto é sobretudo uma maneira de homenagear o cineasta. Seu patrimônio artístico permanece vivo e pulsante, parecendo inédito a cada revisita e imortal sempre que é evocado. Aproveitemos esta data peculiar para rememorá-lo uma vez mais; para iluminar a tela de um cinema com seus filmes e sua influência. Com esta mostra, a Fundação Clóvis Salgado preserva seu compromisso com a difusão da sétima arte e oferece ao público a chance de fazer um mergulho profundo na herança artística de Yasujiro Ozu”, celebra Vitor Miranda.

Dias de Outono. (Créditos: Yasujiro Ozu)

CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das galerias de arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.


Texto: Fundação Clóvis Salgado


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