Evento exibe clássicos nacionais e internacionais em sessões seguidas por debates com pesquisadores; serão exibidas obras como “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, “Metrópolis”, de Fritz Lang, e “Morangos Silvestres”, de Ingmar Bergman
Mostra “Drummond no Cinema”
Data: 7 a 17 de novembro
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)
Horários: Variados
Classificação indicativa: Varia de acordo com a sessão
Todas as exibições são gratuitas, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início da sessão
Informações para a imprensa:
Lucas Oliveira | (31) 3236-7378 | (31) 98592-2377 |
lucashenriquegomesdeoliveira@gmail.com
Carlos Drummond de Andrade, um apaixonado por cinema desde sua juventude, frequentou as salas de cinema de Belo Horizonte e manteve um diálogo constante com o universo cinematográfico ao longo de sua vida. Desde seus primeiros textos publicados, como a crônica sobre o filme “Diana, a caçadora” (1920), até seus versos inspirados em ícones do cinema, como Charlie Chaplin e Greta Garbo, o itabirano sempre teceu relações entre sua escrita e as imagens projetadas nas telas. Celebrando essa relação intrínseca entre o poeta e a sétima arte, o Cine Humberto Mauro será o palco da mostra “Drummond e o Cinema”, de 7 a 17 de novembro. Com curadoria de Roberto Said e Pedro Rena, além de produção de Victória Morais, o evento exibirá uma série de filmes nacionais e internacionais, entre curtas e longas-metragens, das décadas 1920 a 2020, além de promover debates sobre a relação do escritor com o cinema e outros temas. Ao longo dos dez dias da mostra, serão exibidos 39 filmes – dentre eles, obras que marcaram a vida de Drummond, assim como produções brasileiras que trazem temas abordados em sua poesia. Cada dia terá um tema diferente, que será discutido à noite em uma mesa de debate com pesquisadores. Toda a programação é gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início das sessões.
A abertura da mostra (7/11) contará com a exibição do documentário “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade” (2014), seguida do curta “O fazendeiro do ar” (1972), de Fernando Sabino, em que o próprio Drummond aparece como personagem. Em seguida, haverá um debate com a presença de Humberto Werneck, jornalista e biógrafo do poeta, e Roberto Said, curador e professor da Faculdade de Letras da UFMG, que discutirão a relação entre Drummond e o cinema. Posteriormente, a mostra terá filmes admirados pelo itabirano, como “Ninotchka” (1939), estrelado por Greta Garbo, e “Tempos modernos” (1936), de Charlie Chaplin, ambos exibidos no dia 8/11, além de homenagens ao cinema brasileiro com clássicos como “Macunaíma” (1968) e “O padre e a moça” (1966), no dia 9/11. Entre os destaques da programação, estão ainda debates com nomes como Eucanaã Ferraz, professor, poeta e consultor de literatura do Instituto Moreira Salles, Heloisa Starling, historiadora e pesquisadora, José Miguel Wisnik, músico, compositor e professor aposentado de Literatura Brasileira na USP, e Laura Vinci, artista visual que já participou de exposições na Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires e mais.
A mostra “Drummond e o Cinema” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio.
O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.
A relação entre a poética de Drummond e o cinema – Os curadores destacam que a obra drummondiana, além de refletir uma sensibilidade cinematográfica, também dialoga com grandes questões da modernidade que foram exploradas na sétima arte. A ideia da mostra surgiu no ano de 2021, quando Roberto Said ministrou um curso sobre a obra do poeta na Faculdade de Letras da UFMG. A partir das leituras propostas, Pedro Rena, então aluno do Mestrado em Comunicação Social, começou a notar a forte presença dos olhos e do olhar na obra de Drummond, assim como sua relação intensa com o cinema. Em 2023, Pedro iniciou sua pesquisa de doutorado em Literatura Comparada na UFMG, com orientação de Roberto Said, pesquisando a “poética do olhar” de Drummond, com ênfase especial nas relações entre sua poética e obras cinematográficas, brasileiras e estrangeiras. Assim surgiu a ideia de fazerem em conjunto a mostra, com exibições de filmes e um seminário que reúne pesquisadores de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, de áreas como Letras, Comunicação, Cinema e Teatro – todos eles envolvidos com a obra de Drummond ou com os filmes que serão exibidos.
A curadoria da mostra é organizada em quatro principais linhas de força. As duas primeiras apresentam filmes clássicos: a primeira inclui obras do cinema mundial do século XX que Drummond admirava e escreveu sobre, como “Tempos modernos” (1936) e “Morangos Silvestres” (1957), além de produções que ele apreciava, mas com reservas estéticas, como “Ivan, o Terrível” (1944) e “Hiroshima, mon amour” (1959). A segunda linha exibe filmes canônicos do cinema brasileiro relacionados à obra do poeta, como “O padre e a moça” (1966), baseado em seu poema, e “Macunaíma” (1969), com Grande Otelo, ator que Drummond admirava. As duas últimas linhas se concentram em filmes contemporâneos: a terceira reúne obras brasileiras que dialogam com o poeta, abordando temas como a exploração mineral e a cidade moderna, enquanto a quarta apresenta filmes acessíveis que incorporam um viés poético. “Drummond, como já disse Silviano Santiago, foi entre nós o grande leitor do século XX. Todos os grandes debates que caracterizaram o convulsionado mundo moderno foram por ele abordados artisticamente, em diferentes gêneros literários. Os filmes selecionados, para além de sua dimensão narrativa e estética, atuam também como gatilhos para que possamos discutir questões de ordem política, cultural e social, tão bem esquadrinhadas pelo poeta”, explica Roberto Said.
Carlos Drummond de Andrade também faz parte do imaginário do público jovem, presente em livros didáticos e vestibulares desde os anos 1960 e conhecido por expressões populares como “E agora, José?” e “No meio do caminho tinha uma pedra”. Com essa familiaridade em mente, a mostra busca alcançar um público amplo e diversificado, dos jovens estudantes às gerações que vivenciaram o século XX ao lado de Drummond. Através do cinema, o evento pretende democratizar o acesso ao poeta e aprofundar a compreensão de sua obra, revelando novas camadas de sua poesia. “Trata-se de uma mostra gratuita, sediada em um cinema reconhecidamente democrático e localizado no centro da cidade, com fácil acesso por transporte público. Sabemos que era no centro de Belo Horizonte que Drummond fazia suas caminhadas, inclusive subindo no alto do Viaduto Santa Tereza – como vemos no filme ‘A hora vagabunda’, de Rafael Conde, também presente na programação da mostra”, ressalta Pedro Rena.
Nas palavras do próprio Drummond – Além disso, nos dois primeiros dias da mostra, no hall do Cine Humberto Mauro, será vendido o livro “O cinema de perto: prosa e poesia”, organizado por Pedro Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade, e Rodrigo Lacerda. A obra conta com crônicas e poemas inéditos nos quais o poeta anuncia seu encanto por atrizes, atores, cineastas e todo o universo que envolve a sétima arte do século XX.
PROGRAMAÇÃO – MOSTRA “DRUMMOND E O CINEMA”
QUINTA-FEIRA | 07/11/24 | DRUMMOND E O CINEMA
19h | “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade” (2014, BRA, 65’), de Eucanaã Ferraz
20h15 | “O fazendeiro do ar” (1972, BRA, 9’), de Fernando Sabino
20h30 | Debate de abertura: Humberto Werneck (biógrafo e jornalista) e Roberto Said (Letras, UFMG) [com tradução em libras]
SEXTA-FEIRA | 08/11 | DRUMMOND E O CINEMA CLÁSSICO
17h | “Ninotchka” (1939, EUA, 110′), de Ernst Lubitsch com Greta Garbo
19h | “Tempos modernos” (1936, EUA, 86′), de Charlie Chaplin
20h30 | Debate: Eucanaã Ferraz (IMS/Letras, UFRJ) e Ana Lúcia Andrade (Belas Artes, UFMG).
Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG) [com tradução em libras]
SÁBADO | 09/11 | DRUMMOND E O CINEMA BRASILEIRO
16h | Série “Resíduo”, episódio “Henriqueta Lisboa” (2023, BRA, 26′), de Marília Rocha; “O suposto filme” (2021, BRA, 12′), de Rafael Conde; “A hora vagabunda” (1998, BRA, 16’), de Rafael Conde
17h | “Macunaíma” (1968, BRA, 110′), de Joaquim Pedro de Andrade
19h | “O padre e a moça” (1966, BRA, 90′), de Joaquim Pedro de Andrade
20h30 | Debate: Sérgio Alcides (Letras, UFMG) e Cláudia Mesquita (Comunicação, UFMG).
Mediação: Roberto Said (Letras, UFMG)
DOMINGO | 10/11 | DRUMMOND E O CINEMA
17h | “Hiroshima, mon amour” (1959, FRA, 90’), de Alain Resnais
19h | “Metropolis” (1927, ALE, 148’), de Fritz Lang
TERÇA-FEIRA | 12/11 | DRUMMOND E O CINEMA BRASILEIRO
14h | Sessão com acessibilidade (70′)
[Audiodescrição, Legenda e Libras]
1. “profanAÇÃO” (2019, BRA, 28’), de Estela Lapponi
2. “Bonequinha surda do rio Jequitinhonha” (2023, BRA, 4’), de Ademar Alves Jr.;
3. Deffuturismo” (2022, BRA, 10′), de João Paulo Lima
4. “Eu vi nos seus olhos, da janela, eu vi, que era o fim” (2021, BRA, 9′), de Larissa Muniz
5. “Carta” (2021, BRA, 6′), de Ralph Antunes
6. “Eu acho que eu não quero voltar pra casa” (2021, BRA, 10′), de Maru
7. “Fi di Quem?” (2021, BRA, 3′), de Karla Vaniely
15h30 | “Entre mundos: Vida e obra de Helena Antipoff” (2019, BRA, 70′), de Guilherme Reis
17h | “Limite” (1931, BRA, 120′), de Mário Peixoto
19h | “A casa assassinada” (1971, BRA, 103’), de Paulo Cesar Saraceni
20h45 | Debate: Denilson Lopes (Comunicação, UFRJ) e Gustavo Silveira Ribeiro (Letras, UFMG).
Mediação: Roberto Said (Letras, UFMG)
QUARTA-FEIRA | 13/11 | DRUMMOND E A MINERAÇÃO
17h | “Lavra” (2021, BRA, 90’), de Lucas Bambozzi
19h | “Rejeito” (2023, BRA, 75’), de Pedro de Filippis
20h15 | Debate: André Brasil (Comunicação, UFMG) e Alessandra Brito (Comunicação, UFMG).
Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)
QUINTA-FEIRA | 14/11 | DRUMMOND E AS HISTÓRIAS DO BRASIL
17h | “Era uma vez Brasília” (2017, BRA, 99′), de Adirley Queirós
19h | Série “Imagens do Estado Novo 1937-45″, episódio 2 (2016, BRA, 54′), de Eduardo Escorel
20h | Debate: Heloisa Starling (História, UFMG) e Wander Melo Miranda (Letras, UFMG). Mediação: Eduardo de Jesus (Comunicação, UFMG) [com tradução em libras]
SEXTA-FEIRA | 15/11 | DRUMMOND VAI AO CINEMA
16h | Sessão com acessibilidade: “O garoto” (1921, EUA, 68′), de Charlie Chaplin [Audiodescrição]
17h15 | “Ivan, o terrível“, parte 1 (1944, URSS, 99′), de Serguei Eisenstein
19h | “Morangos silvestres” (1957, SUE, 90′), de Ingmar Bergman
20h30 | Debate: Carla Maia (Cinema, UNA) e Marcelo Souza e Silva (Cia. Luna Lunera). Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)
SÁBADO | 16/11 | DRUMMOND E A MAQUINAÇÃO DO MUNDO
14h30 | “Erosões” (2012, BRA, 36’), de Oswaldo Teixeira
15h15 | Imagens de um filme em construção, de João Dumans (2024, BRA, 80′)
Sessão comentada: João Dumans (cineasta)
18h | Sessão de curtas (60′)
1. “Camaco” (2022, BRA, 14′), de Breno Alvarenga
2. “O silêncio elementar” (2024, BRA, 15′), de Mariana de Melo
3. “O maior trem do mundo” (2019, BRA, 6’), de Julia Pontes
4. “Terras remotas” (2019, BRA, 10’), de Simone Cortezão.
5. “Nunca é noite no mapa” (2017, BRA, 5’), de Ernesto Carvalho;
6. “Noite que não finda” (2020, BRA, 5′), de Pedro Aspahan;
7. “Máquinas do mundo”, (2019, BRA, 5’) de Laura Vinci e Mundana Cia.
19h | Debate de encerramento: José Miguel Wisnik (Letras, USP) e Laura Vinci (artista plástica).
Mediação: César Guimarães (Comunicação, UFMG) [com tradução em libras]
21h | “A última floresta” (2021, BRA, 74′), de Luiz Bolognesi com Davi Kopenawa
DOMINGO | 17/11 | DRUMMOND E CHAPLIN
18h | “O grande ditador” (1940, EUA, 124′), de Charlie Chaplin
Sessão comentada: Rafael Ciccarini (Ânima Educação)
Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)
Confira aqui trechos dos filmes da mostra
CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
Texto: Fundação Clóvis Salgado