Sessões gratuitas vão de 8 de março até 6 de abril no Cine Humberto Mauro; programação inclui sessões comentadas com bate-papo e lançamento do longa “Eneida”
Prezando pela variedade e pluralidade dos caminhos percorridos por olhares femininos no cinema, em seu terceiro ano, o Cine Humberto Mauro apresenta a tradicional Mostra Clássicas. Com início no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a programação se estende até o dia 6 de abril, trazendo mais uma seleção abrangente de filmes dirigidos por mulheres. Passando por gêneros tão distintos quanto a ação, o terror exploitation e a comédia romântica, a Mostra Clássicas busca contemplar parte da profusão de formas e estilos encontrados no trabalho de diretoras que construíram seus filmes em diferentes períodos da história e em diferentes países.
Desta vez, o recorte oferecido ao público busca, em especial, lançar luz sobre trabalhos menos conhecidos de algumas realizadoras – como, por exemplo, “Quem Ama Não Teme” (1950), de Ida Lupino, e “Um Lugar Qualquer” (2010), de Sofia Coppola. A programação aposta que ainda há muito para se descobrir nas produções destas cineastas, as quais, mesmo dentro um espaço historicamente androcêntrico, exploraram tantas regiões na sétima arte.
A sessão de estreia irá ocorrer na data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, e será composta pelos curtas de Lotte Reiniger, precursora do cinema de animação, que traduziu em luz e sombras diversos contos de fadas e fábulas, como “Cinderela”, “João e Maria” e “A Cigarra e a Formiga”. Reiniger, antes de dirigir seus próprios filmes, estagiou com Paul Wegener e Fritz Lang; foi contratada no prestigiado Institut Für Kulturforschung de animação experimental e, utilizando sua técnica de recorte de silhuetas, realizou dezenas de filmes incríveis. Em parceria com o Instituto Goethe, serão exibidos dez curtas-metragens desta diretora, além de três longas-metragens de outras cineastas germânicas.
Em destaque, ao longo da mostra, também serão exibidas produções que delineiam perspectivas muito particulares e complexas sobre situações políticas que moldaram o globo: é o que se pode conferir em “Filhos da Guerra” (1990) e “A Rua da Esperança” (1975), filme que, inclusive, rendeu a Carol Kane uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, em 1976. Também vale destacar que irão ocorrer exibições de obras mais recentes, engajadas em questões étnico-raciais e de sexualidade: dentre elas, “Nunca Fui Santa” (1999) e “Harriet – O Caminho para a Liberdade” (2019). Outros dilemas contemporâneos, pautados pela experiência feminina e pela relação entre pais e filhos, surgem em “Um Lugar Qualquer” (2010) e “A Música e o Silêncio” (1996).
História Permanente do Cinema – Três sessões da tradicional História Permanente do Cinema complementam a programação. Às 19h do dia 8 de março, o longa “Cléo de 5 à 7” (1962), de Agnès Varda, tem sessão comentada pela atriz e cineasta Bianca Rolff. Já no dia 23 de março, “India Song” (1975), de Marguerite Duras, será comentada pela professora e pesquisadora Cláudia Mesquita. Encerrando as sessões especiais comentadas, será exibido “Um Divã em Nova York” (1996), no dia 5 de abril, comentado por Carla Maia, professora e pesquisadora.
Lançamento do longa-metragem “Eneida” – No dia 10 de março (sexta-feira), o Cine Humberto Mauro recebe o lançamento do longa-metragem “Eneida”, o novo documentário da curitibana Heloisa Passos. Haverá, após a sessão, um bate-papo com a presença da diretora do filme e da escritora Carla Madeira, uma das autoras mais lidas do Brasil.
Na narrativa do longa, Eneida, de 84 anos, faz uma jornada rumo a seu passado, em busca da primogênita que não vê há mais de 20 anos. Com a ajuda de sua filha do meio, a cineasta Heloisa Passos, Eneida embarca nesta odisseia que tenta derrubar o muro que divide a família, transitando por momentos de descobertas, esperança, medos e incertezas.
Exibição de “A Falta Que Me Faz” – No dia 15 de março (quarta-feira), às 19h30, será exibido o longa-metragem produzido em Minas Gerais, “A Falta Que Me Faz” (2009), dirigido por Marília Rocha. A projeção será em 35mm, e irá contar com a presença de algum membro da equipe do filme. A sessão contará com a presença de membros da equipe de produção do filme. No longa, durante um inverno, rodeadas pela Serra do Espinhaço, um grupo de meninas vive o fim da juventude. Um romantismo impossível deixa marcas em seus corpos e na paisagem a seu redor. Em meio a conversas, obrigações e prazeres cotidianos, cada uma delas encontra uma maneira particular de contornar a solidão e enfrentar as incertezas de um futuro próximo.
TEXTO: Fundação Clóvis Salgado