FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO INAUGURA EXPOSIÇÃO RENDANDO HISTÓRIAS, COM MERGULHO NO TRABALHO DE ARTISTAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E DE PERNAMBUCO

Obras das Rendeiras da Aldeia ocuparão, em expografia inédita, a PQNA Galeria Pedro Moraleida, dos dias 13 de setembro a 12 de novembro; exposição promove um encontro entre as mãos das rendeiras e os personagens da brincadeira do Cavalo-Marinho, tradição da zona da mata pernambucana trazida por migrantes para a cidade paulista de Carapicuíba


EXPOSIÇÃO NA PQNA GALERIA PEDRO MORALEIDA | RENDANDO HISTÓRIAS

Data: Abertura no dia 12 de setembro (terça-feira), às 19h; período expositivo entre 13 de setembro (quarta-feira) e 12 de novembro de 2023 (domingo)

Horários: De terça a sábado, das 09h30 às 21h, e domingo das 17h às 21h

Local: PQNA Galeria Pedro Moraleida – Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Classificação Indicativa: Livre

ENTRADA GRATUITA

Informações para o público: (31) 3236-7400


Coleção Rendando Histórias. (Crédito Rinaldo Martinucci)

Da zona da mata pernambucana para São Paulo, e da metrópole paulista para o Palácio das Artes. A arte das Rendeiras da Aldeia de Carapicuíba chega a Belo Horizonte por meio de uma expografia inédita que vaiocupar, entre os dias 13 de setembro (quarta-feira) 12 de novembro (domingo), PQNA Galeria Pedro Moraleida, com a exposição Rendando Histórias. Na coleção de obras, a tradicional técnica da Renda Renascença, desenvolvida no plano da bidimensionalidade, ganha um caráter tridimensional, em trabalhos de natureza absolutamente particular e original. A exposição destaca, ainda, a relevância formal e estética do resultado conquistado pelas mulheres rendeiras. Serão exibidos na PQNA Galeria Pedro Moraleida um total de 20 quadros com máscaras do acervo, além de um filme que traz as vivências das mulheres da aldeia, com os cânticos, a poesia e a força das artistas. A abertura da exposição acontecerá no dia 12 de setembro (terça-feira), às 19h, e, a partir do dia seguinte, o espaço fica aberto para visitações de terça a sábado, das 09h30 às 21h, e nos domingos, das 17h às 21h. A entrada na galeria é gratuita, e a classificação indicativa da exposição é livre.

A coleção Rendando Histórias é um encontro entre as mãos das rendeiras e os personagens da brincadeira do Cavalo-Marinho, tradição da zona da mata de Pernambuco trazida por migrantes para a cidade paulista de Carapicuíba, no final da década de 1970 e início dos anos 1980 – quando o Nordeste foi assolado por uma das secas mais prolongadas da história. As mulheres da aldeia se põem em roda para rendar, exercitar, produzir, preservar e difundir as tradições de um ofício que trouxeram dos seus lugares de origem, a Renda Renascença. As Rendeiras da Aldeia cultivam também a herança cultural dos cantos de trabalho, cânticos entoados durante todo o processo de feitura da renda e que tornam o processo mais leve e alegre. Já o curta-metragem Rendando Histórias, com concepção cenográfica do arquiteto Alexandre Rousset – também responsável pelo projeto expográfico –, é um “documento-lúdico” que procura revelar  as variadas pontes que se construíram ao longo desta trajetória, culminando em uma espécie de comunhão que celebra a fusão do trabalho e da festa no território da Aldeia de Carapicuíba.

Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a exposição Rendando Histórias.As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm como mantenedores Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Master da ArcelorMittal, Patrocínio da Usiminas e da Vivo e Correalização da APPA – Arte e Cultura.

Diversos pontos de história – As Rendeiras da Aldeia são um grupo de mães e mulheres que, desde 2006, se encontram para reafirmar as tradições de um ofício que garante, hoje, um resultado rico e maduro – tanto sob a perspectiva concreta dos trabalhos produzidos, como também do lugar simbólico dos resultados culturais alcançados. Neste mesmo ambiente de convivência e de troca, realiza-se e preserva-se, ano após ano, a celebração do Cavalo-Marinho, no qual a herança festiva ganha protagonismo e os brincantes têm a oportunidade de vestirem suas máscaras (de couro, papel machê e outros materiais), celebrando a vida e a ancestralidade.A brincadeira do Cavalo-Marinho é um patrimônio cultural imaterial brasileiro que engloba movimentações corporais, gestos e pantomimas, música, um grupo de tocadores, poesia cantada e falada e drama sociocultural. O festejo chegou a São Paulo através do mestre Edielson (do Cavalo-Marinho “Boi Matuto”, de Pernambuco), primeiro de muitos que viriam ao longo da história da celebração. Ele trouxe em sua bagagem a arte de bordar, cantar, dançar, brincar e representar, e instaurou o “Boizinho da Aldeia”, que nas últimas duas décadas vem proporcionando o encontro entre gerações de migrantes em torno da valorização de suas identidades e do sentido de pertencimento.

A coleção Rendando Histórias nasceu em 2021, quando a Oca Escola Cultural, instituição que abriga este e outros projetos, comemorou 25 anos. Uma das ações para exaltar este momento foi a criação de uma coleção de máscaras, tecidas pelas Rendeiras da Aldeia a partir da tradição da Festa do Cavalo-Marinho. Lucilene Silva, Coordenadora da Oca, exalta o importante trabalho cultural e social feito na Aldeia de Carapicuíba, a partir do qual resultam as obras que ocuparão a PQNA Galeria Pedro Moraleida. “A partir desta escuta, que transforma a história de vida delas em uma forma de sobrevivência e de cultivo de uma tradição, o projeto também fortalece essas mulheres, que passam a acreditar mais em si mesmas, naquilo que elas trazem de mais precioso. Quando elas reconhecem o significado daquilo que é de cada uma e do conjunto, isso é de uma potência muito grande”, afirma. A diretora criativa e artista têxtil Ana Vaz também ressalta que o objetivo central da coleção foi “desenvolver um projeto autoral, que falasse justamente sobre a identidade das rendeiras”. Ana Vaz destaca ainda o trabalho de volumetria, que norteou a coleção. “Construímos as informações dos rostos dos personagens com a própria renda, em um olhar muito original e novo para esta técnica tão tradicional”, explica.

Através de um projeto expográfico totalmente inédito, a PQNA Galeria Pedro Moraleida passará a emular o festejo do Cavalo-Marinho e da própria Aldeia de Carapicuíba. A configuração cromática das casas da comunidade, em tons de azul e branco, foi replicada no espaço de exposição. Do mesmo modo, assim como durante a festa as rendas são penduradas nas paredes das construções, as máscaras trazidas para a exposição ficarão presas aos quadros apenas pela parte superior, conferindo tridimensionalidade às peças. Alexandre Rousset, responsável pelo projeto expográfico, afirma que as modificações feitas no espaço ampliam o contato dos visitantes com as peças. “Essa coleção de 20 máscaras tem uma potência como conjunto. Mas a PQNA Galeria tem uma característica espacial bem particular, que é ser entrecortada por pilares. Então, eu tive a ideia de fazer uma única parede cenográfica que pudesse acolher todas as peças. Com isso, ganhamos a possibilidade de apresentação total da coleção, além de uma proximidade do visitante com o acervo, o que é ótimo, já que percebermos essas máscaras de perto é algo muito especial – em vista dos detalhes, das texturas e das especificidades de cada ponto”, ressalta. Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, lembra que “a motivação do projeto Rendeiras da Aldeia de fomentar e valorizar o trabalho tão primoroso das rendeiras de Carapicuíba vai ao encontro da vocação da Fundação Clovis Salgado, de ser um espaço múltiplo de difusão das artes plásticas. “A chegada da exposição Rendando Histórias ao Palácio das Artes é uma oportunidade para o público mineiro conhecer a riqueza da Renda Renascença e as brincadeiras da Festa do Cavalo-Marinho, uma cultura ímpar que estará na PQNA Galeria”, celebra Uiara.

ALEXANDRE ROUSSET – Formado em Arquitetura e Urbanismo pela PUC Minas, atua desde 1996 em projetos de Arquitetura propriamente dita, bem como no universo da “Arquitetura efêmera”. Sua experiência está ligada a trabalhos de cenografia para exposições (Expografia), para teatro e dança (Cenografia e Figurinos) e para a moda (campanhas, editoriais, desfiles, feiras). Atua também em trabalhos de restauração e adaptação a novo uso de bens tombados e protegidos.

RENDEIRAS DA ALDEIA –  Coletivo de mulheres que encontrou na Renda Renascença a possibilidade do encontro, da convivência, da troca e da autonomia. Para além da produção de peças de roupas, cama, mesa, banho, acessórios e obras de arte, essas mulheres convivem no dia-a-dia e compartilham saberes entre gerações. Através da renda, elas mantêm viva uma das mais belas tradições manuais brasileiras, que as conecta com a ancestralidade guardada no fazer da renda. O processo criativo parte de suas próprias histórias, do olhar para dentro, do livro de memórias de cada uma. O grupo nasceu em 2006, a partir de uma das ações do Centro de Estudos e Criação da Indumentária e Figurino Brasileiro da Oca Escola Cultural, em um projeto direcionado às mães e mulheres da comunidade da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo, com o objetivo de capacitá-las e de valorizar os saberes que traziam de suas origens do interior de diversos estados brasileiros. Este projeto contempla a alfabetização, pesquisa das tradições orais, valorização dos saberes manuais e formação para o mercado de trabalho a partir da produção do artesanato brasileiro. Os aprendizados e trocas relacionados a esses fazeres são também compartilhados com as crianças e adolescentes da instituição, bem como com outras mulheres do município. O grupo é composto pelas lideranças Aliane Lindolfo, Dalva Lima, Edvânia Eloi, Fátima Vilas Boas, Josefa Eloi, Lucilene Souza, Márcia Mesquita, Núbia Esteves e Wilma da Silva, a mestra da renda.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.


Texto: Fundação Clóvis Salgado


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