Visita foi acompanhada de perto por equipes das secretárias de Estado de Cultura e de Turismo e contemplou pontos turísticos de Macapá e experiências diferenciadas
Uma equipe da APPA – Arte e Cultura fez uma visita técnica à Fortaleza de São José do Macapá durante a Semana Santa. O monumento, que é cartão-postal da capital amapaense, deverá ser restaurado e requalificado pela APPA nos próximos meses. Uma parceria já foi assinada há um ano com o governo do Amapá e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos alocados no valor de R$32 milhões. A proposta é potencializar o turismo na cidade e, após requalificação da fortaleza, lançar sua candidatura a Patrimônio Cultural da Humanidade junto à Unesco, braço da ONU para educação, ciência e cultura, ao lado de um conjunto de outras 19 fortificações que abrangem o período colonial
Para Xavier Vieira, presidente da APPA, que coordenou a inspecção, ao lado da arquiteta Deise Lustosa responsável pela coordenação do projeto técnico, a visita serviu para alinhar as premissas de governança e gestão do projeto de restauro e qualificação da fortaleza com as partes envolvidas, o Ministério da Cultura, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico) nacional e local, para apresentar o planejamento e alinhar o início da contratação dos projetos arquitetônicos para que a obra seja implementada este ano. “Esse é um projeto muito relevante para a APPA, que completa 30 anos este ano, e icônico para o Amapá, porque é candidato a Patrimônio Histórico pela Unesco”, destaca. Para Deise Lustosa, a visita foi uma oportunidade importante de rever um dos bens mais representativos da região norte, marco histórico de defesa do rio Amazonas e da consolidação dos limites do Brasil.
“Expertise da APPA”
A inspeção técnica à única fortaleza construída pelos portugueses na América do Sul foi acompanhada por uma equipe da Secretaria de Cultura do Amapá. “A visita dos dirigentes e técnicos da APPA ao Amapá é a consolidação da parceria de sucesso entre governo do Estado, BNDES e APPA, que já garantiu mais de R$ 27 milhões não-reembolsáveis para restauração e revitalização da nossa fortaleza, incluindo a elaboração de ‘Estudo de Viabilidade e Sustentabilidade Turística e Financeira da Fortaleza de Macapá’ e de 16 equipamentos turísticos localizados no centro histórico”, destaca a secretária Clícia Di Miceli.
Segundo Clícia Di Miceli, esse é o primeiro passo para a requalificação de nossos patrimônios culturais do Estado e a perpetuação da nossa memória e para o fomento da economia criativa, de cidadania e diversidade. A gestora da pasta da cultura ainda ressaltou que “a expertise da APPA, adquirida ao longo de seus 30 anos de existência como agente captador de recursos e na execução de projetos de restauro e requalificação de equipamentos históricos e culturais, está sendo fundamental para o sucesso de todo o projeto”.
Amapá no mapa do turismo
A revitalização e modernização da Fortaleza de São José de Macapá também servirá para potencializar o turismo na capital amapaense e no Estado como um todo. De acordo com Anne Monte, secretária de Turismo do Amapá, a ideia é que se possa colocar não somente o monumento, mas o Amapá inteiro no mapa do turismo nacional e internacional, através das melhorias que estão sendo propostas, da divulgação e promoção de seus espaços.
Sobre a presença da APPA no Amapá na última semana, Anne salientou que foi possível mostrar a importância e magnitude do projeto que será executado pelo governo do Amapá junto com BNDES, através da APPA no trabalho de restauração, revitalização e readequação de uso do patrimônio histórico, cultural, que também é um equipamento turístico e um dos monumentos mais importantes da história do Amapá. A secretária ainda acompanhou a equipe da APPA e jornalistas da “Folha de S. Paulo” em visita a pontos turísticos da capital amapaense, como o Bioparque da Amazônia, a Casa do Artesão, o Museu Joaquim Caetano, a igreja de São José, a orla de Araxá, o Marco Zero do Equador e o Museu Sacaca.
Menu de experiências
Para conhecer mais sobre a cultura da região, o tour se estendeu a Mazagão Velho, a 63 km da capital, onde acontecia uma celebração da Paixão de Cristo pelas ruas do distrito. A visita foi contemplada com uma passagem pelo casarão que pertenceu à família Ayres, o prédio mais antigo da região e hoje reconhecido como referência cultural pelo Iphan, e por um sítio arqueológico. Em 2006, arqueólogos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) descobriram os alicerces de uma igreja com cerca de 40 metros de comprimento no distrito.
Outras duas experiências diferenciadas oferecidas pelo governo amapaense foram uma visita à comunidade quilombola de Curiaú, a 14 km da capital, onde mais de 400 famílias remanescentes de quilombos ainda guardam na memória a história dos seus antepassados, e a oportunidade de presenciar a contagiante roda de dança e som do batuque de tambores do Marabaixo, na inauguração do Ciclo Marabaixo, hoje a maior expressão cultural do Estado.
A rica gastronomia amapaense também foi experimentada pelos visitantes em diversos locais, como o Flora Bistrô, às margens do rio Matapi, e em restaurantes tradicionais como a Peixaria Amazonas, Estaleiro e Toca da Raposa, para degustar peixes amazônicos como o filhote, em receita com tucupi e outros preparos, e no restaurante Oásis, na orla de Fazendinha, para experimentar um prato típico da culinária local, o camarão no bafo.
Texto: Paulo Campos