EMBAIXADAS DO BRASIL NA ITÁLIA E NO VATICANO PREPARAM PROGRAMAÇÃO PARA CELEBRAÇÃO DOS 200 ANOS DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE BRASIL E SANTA SÉ

Entre os destaques da programação estão exposições, apresentações musicais, seminários, lançamento de livro e plataforma digital.

Em janeiro de 2026, será comemorado o bicentenário das relações diplomáticas entre o Brasil e a Santa Sé, o centro pastoral e administrativo da Igreja Católica no Vaticano. Essa relação, consolidada ao longo do tempo, é marcada por ações efetivas nos âmbitos religioso, cultural e social. Ao longo desses 200 anos, o Brasil, que abriga a maior população católica do mundo, foi visitado por cinco papas, sediou eventos de grande relevância, como a Jornada Mundial da Juventude (2013), e promoveu a assinatura de documentos importantes, como o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil de 2008, que consolidou a atuação da Igreja no país, de acordo com os princípios do Estado Laico. O Estado do Vaticano, por sua vez, recebeu presidentes, dialogou com representantes de diversos setores brasileiros e canonizou sete santos do país.


O Brasil foi o quarto país a estabelecer laços com a entidade eclesiástica, após França, Espanha e Portugal. Esses dois séculos de relações diplomáticas colocam a representação brasileira no Vaticano entre as mais antigas do mundo. E para celebrar esse intercâmbio sólido e contínuo, será realizada em Roma, a partir de 2025, uma extensa programação cultural. O projeto, desenvolvido pela APPA – Cultura & Patrimônio em parceria com a Embaixada do Brasil na Santa Sé e a Embaixada do Brasil Roma, foi apresentado oficialmente no último dia 20 por Xavier Vieira, presidente da APPA, e Agostinho Neves, vice-presidente da associação. “O objetivo é expandir a atuação cultural das embaixadas, promovendo a arte e cultura brasileiras no exterior, além de discutir temas como responsabilidade social, ambiental, acessibilidade e inclusão”, diz Vieira.

Xavier Veira (presidente da APPA). Margareth Menezes (Ministra da Cultura), Agostinho Neves (vice-presidente e diretor jurídico da APPA) e Cláudia Abreu (produtora executiva da APPA em Roma) durante encontro na Embaixada do Brasil em Roma. (Foto: Divulgação)

As atividades terão início no primeiro semestre de 2025, durante as celebrações do Ano Jubilar, o primeiro do terceiro milênio, cujo tema será “Peregrinos da Esperança”, definido pelo Papa Francisco como “um dom de graça” a ser vivido por meio de peregrinações, indulgências e testemunhos de fé. Durante o Ano Santo, a Igreja Católica espera receber cerca de 35 milhões de turistas a mais do que os 50 milhões que anualmente visitam Roma.

A programação cultural incluirá exposições individuais e coletivas, seminários sobre sustentabilidade, apresentações musicais, além do lançamento de um livro e de um selo comemorativo. Entre os destaques estão a realização da primeira exposição dedicada a Aleijadinho na Itália, exposições de grandes nomes da arte contemporânea, como Jaider Esbell, Daiara Tukano, Denilson Baniwa, Walmor Corrêa, fotógrafos como Leonardo Finotti e jovens artistas como Rodrigo Cruz. Também estão previstas publicações sobre o Padre Antônio Vieira e as missões jesuíticas no Brasil, além de um livro ilustrado de orações, criado pelo ilustrador Daniel Kondo.

Na parte musical, estão programadas apresentações de trechos das óperas “Aleijadinho” e “Devoção”, um concerto da Orquestra Juvenil Chiquinha Gonzaga, além de performances de artistas como o maestro Wagner Tiso, Ava Rocha, Ligiana Costa e a organista Elisa Freixo. Faz parte das atividades, ainda, um projeto inédito que visa organizar e difundir documentos de interesse público, como as cartas credenciais de Monsenhor Francisco Corrêa Vidigal, que foi escolhido pelo Império Brasileiro para obter o reconhecimento da Independência pela Santa Sé, em 1826.Na parte musical, estão programadas apresentações de trechos das óperas “Aleijadinho” e “Devoção”, um concerto da Orquestra Juvenil Chiquinha Gonzaga, além de performances de artistas como o maestro Wagner Tiso, Ava Rocha, Ligiana Costa e a organista Elisa Freixo. Faz parte das atividades, ainda, um projeto inédito que visa organizar e difundir documentos de interesse público, como as cartas credenciais de Monsenhor Francisco Corrêa Vidigal, que foi escolhido pelo Império Brasileiro para obter o reconhecimento da Independência pela Santa Sé, em 1826.

Sobre a relevância das iniciativas propostas e do bicentenário das relações diplomáticas, o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, destacou: “Para nós, essa relação é muito importante. O Brasil é um dos países mais representativos para a Igreja Católica, também por conta de sua dimensão territorial. A história desses 200 anos de relação é consagrada no texto concordatário que rege o vínculo entre Brasil e Santa Sé. É uma relação de amizade, respeito mútuo e colaboração.”


Essa é a primeira atuação da APPA junto à Santa Sé e a segunda em parceria com a Embaixada do Brasil na Itália – em 2010 a APPA foi parceira da Embaixada no Festival de Arte e Cultura Brasileira na Itália. “Nossa intenção é desenvolver uma parceria forte e continua com a Embaixada do Brasil em Roma, a Santa Sé, o Instituto Guimarães Rosa (braço cultural do Itamaraty) para promover ações culturais, abrindo novos caminhos para a arte brasileira”, completa Vieira. O projeto será realizado via Lei Federal de Incentivo à Cultura e está em fase de captação de recursos.

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