Mostras “A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas”, “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo” e “Prêmio Grande Otelo” atravessam o mês de junho de 2025 celebrando marcos importantes do cinema produzido no país
Embora o cinema brasileiro sempre tenha apresentado obras de excepcional qualidade e uma produção marcada pela superação dos desafios econômicos do país, a década de 2020 já tem se mostrado um dos períodos mais bem-sucedidos da cinematografia nacional. Desde 2024, especialmente, o reconhecimento dado aos filmes brasileiros nas principais premiações cinematográficas do mundo têm tornando o Brasil um destaque neste campo das artes e da cultura. Em setembro de 2024, o filme “Ainda Estou Aqui” ganhou o Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza. Em fevereiro de 2025, Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em um Filme de Drama. No mês seguinte, o mesmo longa-metragem alcançou um feito inédito para o Brasil ao vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional. Ainda em fevereiro, “O Último Azul” havia ganhado o Urso de Prata no Festival de Berlim, e mais recentemente, em maio, Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura venceram os Prêmios de Melhor Direção e Melhor Interpretação Masculina, respectivamente, no Festival de Cannes.
Inserido nesse contexto de valorização do cinema nacional, o Cine Humberto Mauro atravessa o mês de junho com uma programação contínua, e totalmente gratuita, dedicada à produção cinematográfica brasileira. Desde o dia 27 de maio, e indo até 6 de julho, são 34 dias com a exibição de quase 70 filmes de diversos períodos, diretores/as e regiões do Brasil, divididos em três mostras: “A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas” (27 de maio a 1º de junho), “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo” (5 a 29 de junho) e “Prêmio Grande Otelo” (1º a 6 de julho). A agenda dedicada à cinematografia nacional, além de representar um recorde na história da sala, abrange o Dia do Cinema Brasileiro, comemorado em 19 de junho, marcando uma celebração múltipla da potência audiovisual local.
O Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e programador do Cine Humberto Mauro, Vitor Miranda, afirma que “a junção das mostras transforma a sala em um verdadeiro palco de resistência do audiovisual brasileiro. Trata-se de oferecer ao público uma experiência profunda, rara e generosa com o cinema do país. Um ótimo modo de viver e celebrar o Dia do Cinema Brasileiro, cercado de outros dias dedicados ao cinema nacional. O gesto de reunir essas obras em uma sala pública, em uma programação extensa, constitui uma afirmação da importância de ver – e rever – o Brasil por suas próprias lentes. Mais do que maratonas de filmes, trata-se de um compromisso com a memória, com os afetos e com os futuros possíveis do cinema nacional”, destaca Miranda.
A programação começou com a mostra “A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas”. A programação apresentou uma seleção de 16 obras clássicas e contemporâneas, abordando os períodos de repressão, resistência e enfrentamento político que marcaram a história do Brasil. Realizada em parceria com a Cinemateca Brasileira e integrando a segunda edição do projeto itinerante da instituição, a curadoria reuniu ficções, documentários, animações e curtas-metragens. Já “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo”, ainda em curso, celebra uma trajetória que se entrelaça com a história do cinema brasileiro. Exaltando esse legado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentam a iniciativa, no âmbito do programa antirracista “Sobre Tons”, do MPMG. A programação, com curadoria de Fabio Rodrigues Filho e direção artística de Layla Braz, celebra o ano que marcaria os 110 anos de nascimento do artista, e vai até 29 de junho, com quase 40 filmes, sessões comentadas, exibições em película e de cópias restauradas em DCP, debates, cursos, um catálogo exclusivo, presença de especialistas de relevância nacional e atividades culturais com Maurício Tizumba e o Grupo de Choro do Cefart. Em seguida, a mostra que se inicia carrega um forte elo simbólico com a retrospectiva imediatamente anterior: de 1º a 6 de julho de 2025, o Cine Humberto Mauro recebe 15 longas-metragens finalistas do Prêmio Grande Otelo, convidando o público de Belo Horizonte a se aproximar da excelência recente da produção audiovisual nacional.
CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
Texto: Fundação Clóvis Salgado