Ao todo, vão ser exibidos quinze longas-metragens, que trazem um panorama cinematográfico de seis décadas do cinema tcheco, possibilitando ao público o contato com obras raras influenciadas pela experimentação da linguagem e das narrativas tradicionais. A programação é gratuita e acontece de 18 a 31 de maio no Palácio das Artes.
O Cine Humberto Mauro traz para Belo Horizonte a mostra “Devětsil – Uma vanguarda tcheca”. Os filmes que compõem a iniciativa compreendem a produção cinematográfica dos anos 1920 até os 1970 e trazem a experimentação para dentro da linguagem cinematográfica. A maioria dos trabalhos serão exibidos pela primeira vez, e versam, dentre outros temas, sobre participação dos indivíduos na vida social e a emancipação feminina. Para explorar ainda mais a cinematografia do território, a programação apresentará duas sessões do programa “História Permanente do Cinema”, que serão comentadas por especialistas. A mostra será exibida dos dias 18 a 31 de maio, no Palácio das Artes, e tem entrada gratuita. Ao todo, serão exibidos quinze longas-metragens.
Tendo o movimento Devětsil como ponto de irradiação, a seleção de filmes que compõem a mostra apresenta ao público um panorama cinematográfico que percorre seis décadas do cinema tcheco, no qual os cineastas foram influenciados por uma ampla gama de tendências e estilos, desde a vontade de produzir narrativas sobre uma realidade interior, ao influxo do surrealismo, do realismo socialista e da literatura produzida por seus conterrâneos.
A abertura da “Devětsil – Uma vanguarda tcheca” apresenta o filme “Conflito dos Sexos” (Erotikon), de Gustav Machatý, que faz parte da série História Permanente do Cinema. O trabalho será exibido em sessão única no dia 18 de maio, às 19h. A obra, de 1929, a é permeada de tensão sexual e sedução, revelando uma visão inovadora e extemporânea da sexualidade no cinema. A exibição vai contar com o especialista Victor Guimarães, que irá conduzir uma análise sobre o filme e também sobre a sétima arte em si.
No dia 25 de maio, o público do Cine Umberto Mauro vai poder acompanhar e mergulhar no universo da cineasta Věra Chytilová. Com narrativa e linguagem experimental, “O Fruto do Paraíso” (Ovoce stromů rajských jíme) convida à reflexão sobre o mundo que nos cerca. A sessão será comentada pela professora e pesquisadora de cinema e comunicação Nina Gazire.
Imagem: mostra ” O Fruto do Paraíso” (Créditos: Divulgação)
Devětsil – Fundado oficialmente em 1920, na cidade de Praga, com a divulgação do Manifesto Devětsil, o movimento foi a fonte de crescimento mais significativa a longo prazo para o cinema da Tcheco. Ao longo de uma década, o movimento inspirou diversas manifestações vanguardistas no coração da Europa central, desde letras, artes visuais, design, música, e até o teatro e o cinema.
Em um cenário pós-guerra, vários movimentos surgiram na Europa, como o ‘Dada’, em Zurique, e o ‘De Stijl’, em Amsterdã, por exemplo. Devětsil também está incluído em um dos primeiros desses movimentos a oferecer um genuíno manifesto socialmente progressista, ligando as artes a seu propósito na sociedade. Inspirado pelos experimentos dos dadaístas, mas com a intenção de ter um impacto positivo em sua recém-formada república da Tchecoslováquia; o grupo de jovens artistas, escritores, arquitetos e dramaturgos procurou se afastar da direção burguesa pré-guerra dos ‘ismos’, concentrando-se na beleza simplista dos objetos cotidianos. Esse ideal pretendia atrair as classes trabalhadoras da Tchecoslováquia.
Entre os precursores do movimento estava o escritor Vladislav Vančura, que, em 1931, publicou o romance “Markéta Lazarová”, uma das obras mais radicais e influentes da arte tcheca. Seus trabalhos como roteirista e diretor, entre o fim dos anos 1920 e o início dos 1930, marcaram o nome do artista entre os protagonistas da primeira fase do cinema no país, que também teve como figura central outro integrante reconhecido do movimento, o escritor Vítěslav Nezval, que roteirizou filmes como “Conflito dos Sexos”, de Gustav Machatý, lançado em 1929.Outros nomes ligados ao Devětsil, como os atores Jiří Voskovec e Jan Werich e o compositor Jaroslav Ježek, também deixaram sua marca em muitos filmes populares realizados nos anos 1930, como “Trabalhadores, Vamos Lá”, comédia social de enorme sucesso dirigida por outro pioneiro do cinema tcheco, Martin Frič.
Imagem: Trabalhadores, Vamos Lá! (Hej-rup!, Martin Frič, Tchecoslováquia, 1934) (Créditos: Divulgação)
Já na década de 1960, quando uma nova geração vanguardista assume as rédeas da criação cinematográfica do país, a inspiração do movimento se torna novamente decisiva, especialmente a partir dos filmes realizados por meio da inspiração de obras literárias escritas por Nezval e Vančura, na década de 1930, como “Markéta Lazarová”, “Um Verão Caprichoso” e “Valerie e sua Semana dos Deslumbramentos”.
PROGRAMAÇÃO
MOSTRA: DEVETSIL: UMA VANGUARDA TCHECA
18 a 31 de maio de 2023
18/05 (QUI)
19h | HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA | Conflito Dos Sexos (Erotikon, Gustav Machatý, Tchecoslováquia, 1929) | 1h25 | Sessão comentada pela professora e pesquisadora Marina Gazire Coquetel de bebidas e DJs à moda Tcheca a partir de 21h no Jardim Interno do Palácio das Artes.
Coquetel de bebidas e DJs à moda Tcheca a partir de 21h no Jardim Interno do Palácio das Artes.
19/05 (SEX)
13h | CURTA NO ALMOÇO |
14h | ESPECIAL DIA DAS MÃES – SESSÃO DA TARDE | Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday, Mark Waters, EUA, 2003) | Livre | 1h38 | Sessão dublada em português
17h | Trabalhadores, Vamos Lá! (Hej-rup!, Martin Frič, Tchecoslováquia, 1934) |1h40
19h O Imperador e o Rouxinol (Cisaruv slavík ,Jiří Trnka, Milos Makovec, Tchecoslováquia, 1949) | 1h12
20/05 (SÁB)
15h | Apasionata (Taková láska, Jiří Weiss, Tchecoslováquia, 1959) |1h20
17h | O Barão Fanfarrão (Baron Prášil, Karel Zeman, Tchecoslováquia, 1962) | 1h25
19h | Um Dia, Um Gato (Až Přijde Kocour, Vojtěch Jasný, Tchecoslováquia, 1963) | 1h40
21/05 (DOM)
18h | Mártires do Amor (Mucedníci lásky, Jan Němec, Tchecoslováquia, 1967) | 1h11
19h30 | Marketa Lazarová (František Vláčil, Tchecoslováquia, 1967) | 2h45
23/05 (TER)
15h | Um Verão Caprichoso (Rozmarné léto, Jiří Menzel, Tchecoslováquia, 1968) | 1h14
17h | Domingo Desperdiçado (Zabitá neděle, Drahomíra Vihanová, Tchecoslováquia, 1969) | 1h18
19h | CINECLUBE ACESSÍVEL | O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (Glauber Rocha, BRA, 1966)|14 anos | 1h35min | Sessão com audiodescrição.
Sessão comentada por Camila Mantovani, professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG e do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social (UFMG).
24/05 (QUA)
16h | Marketa Lazarová (František Vláčil, Tchecoslováquia, 1967) | 2h45
19h15 | Apasionata (Taková láska, Jiří Weiss, Tchecoslováquia, 1959) |1h20
25/05 (QUI)
17h | HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA | O Fruto Do Paraíso (Ovoce stromů rajských jíme, Věra Chytilová, Tchecoslováquia-Bélgica, 1970) | 1h35
Sessão comentada por
19h30 Valerie e sua Semana de Deslumbramentos (Valerie a týden divů, Jaromil Jireš, Tchecoslováquia, 1970) | 1h13
26/05 (SEX)
13h | CURTA NO ALMOÇO |
15h | O Barão Fanfarrão (Baron Prášil, Karel Zeman, Tchecoslováquia, 1962) | 1h25
17h | Um Dia, Um Gato (Až Přijde Kocour, Vojtěch Jasný, Tchecoslováquia, 1963) | 1h40
19h | Mártires do Amor (Mucedníci lásky, Jan Němec, Tchecoslováquia, 1967) | 1h11
27/05 (SAB)
15h | O Imperador e o Rouxinol (Cisaruv slavík, Jiří Trnka, Milos Makovec, Tchecoslováquia, 1949) | 1h12
17h | Caso Para Um Carrasco Novato (Případ pro začínajícího kata, Pavel Juráček, Tchecoslováquia, 1970) | 1h48
19h | Trabalhadores, Vamos Lá! (Hej-rup!, Martin Frič, Tchecoslováquia, 1934) |1h40
28/05 (DOM)
18h | Domingo Desperdiçado (Zabitá neděle, Drahomíra Vihanová, Tchecoslováquia, 1969) | 1h18
20h | Um Verão Caprichoso (Rozmarné léto, Jiří Menzel, Tchecoslováquia, 1968) | 1h14
29/05 (SEG)
Sem programação.
30/05 (TER)
16h | Valerie e sua Semana de Deslumbramentos (Valerie a týden divů, Jaromil Jireš, Tchecoslováquia, 1970) | 1h13
19h30 | 23ª Curta Circuito – Amores Brasileiros | São Paulo em Hi-Fi (Lufe Sttefen, BRA-SP, 2013) |16 anos| 1h40
31/05 (QUA)
18h | Caso Para Um Carrasco Novato (Případ pro začínajícího kata, Pavel Juráček, Tchecoslováquia, 1970) | 1h48
20h | O Fruto Do Paraíso (Ovoce stromů rajských jíme, Věra Chytilová, Tchecoslováquia-Bélgica, 1970) | 1h35
CINE HUMBERTO MAURO – Orgulhoso por manter a tradição do cine clubismo, o Cine Humberto Mauro tem reconhecimento garantido do público pela variedade e qualidade de suas mostras. Realiza o já tradicional Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (FESTCURTASBH) e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. Conta com programas permanentes de formação de público (História Permanente do Cinema, Cineclube Francófono, Cinema e Psicanálise, etc.). Funciona, ainda, como reduto histórico de críticos, professores, estudantes, diretores e amantes da sétima arte.
Sua estrutura tem 130 lugares inclusive com espaço reservado para pessoas com deficiência, e dispõe, além de som dolby digital, equipamentos para exibição de filmes em 3D e 4K, de equipamentos de projeção para todos os formatos de filmes. Neste ano, completam-se os 40 anos da homenagem feita pela FCS ao cineasta, diretor e ativista mineiro, Humberto Mauro (1897-1983), pioneiro do cinema brasileiro.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
Texto: Fundação Clóvis Salgado