Exibições ocorrem de 16 a 25 de agosto e contam com clássicos do gênero, como “O Tigre e o Dragão” e “Espadachim de um Braço”; um dos grandes destaques dos filmes é o protagonismo feminino marcante, com atrizes como Michelle Yeoh e Pei-Pei Cheng.
Mostra “Wuxia – O despertar das lendas”
Data: 16 de agosto (sexta-feira) a 25 de agosto (domingo)
Horários: variáveis, consultar a programação
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)
Classificações indicativas: variáveis
Entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
As histórias que narram as façanhas de heróis marciais são uma parte fundamental da cultura chinesa, com raízes que remontam a mais de dois mil anos. O gênero wuxia, palavra que pode ser traduzida como “heróis marciais”, é caracterizado por seus protagonistas que seguem um estrito código de honra e lutam contra a injustiça e a opressão, muitas vezes provenientes de classes sociais mais baixas. Esses heróis, sem mestres, têm suas aventuras contadas através de uma rica variedade de formas artísticas, incluindo ópera, quadrinhos, música, videogames e, claro, o cinema. Pensando nisso, de 16 a 25 de agosto, o Cine Humberto Mauro será palco de “Wuxia – O Despertar das Lendas”, uma mostra dedicada a explorar a rica tradição do gênero na sétima arte. Todas as exibições têm entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema, exceto no caso da Sessão da Meia-Noite, cujos ingressos serão disponibilizados no site da Eventim.
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A seleção de filmes oferece ao público uma viagem cinematográfica que abrange várias décadas, começando em 1920, com “A Caverna da Teia de Seda” (1927) e “Heroína Vermelha” (1929), que serão disponibilizados na plataforma CineHumbertoMauroMais. Já dos anos 1960 em diante, serão exibidas obras emblemáticas como “A Estalagem do Dragão” (1967) e “Espadachim de um Braço” (1967) – exemplos de clássicos do gênero, até os anos 2000 com “O Tigre e o Dragão” (2000) e “Herói” (2002), que mostram como o wuxia evoluiu e se expandiu, encontrando um público diversificado e mantendo viva uma tradição cultural milenar. Haverá, ainda, sessões especiais, com destaque para a exibição do filme “Adeus, Dragon Inn” (2003), que será comentada por Júlio Cruz, pesquisador, crítico de cinema e curador da mostra. Além disso, uma sessão adaptada especialmente para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) e suas famílias exibirá a animação “Kung Fu Panda” (2008) em versão dublada. No primeiro dia da programação (16/8), haverá, também, uma Sessão da Meia-Noite com o filme “Magia” (1983), dirigido por Chih-Hung Kuei. A trama segue Chen Chieh, que viaja para uma vila remota no sudeste da Ásia para investigar a morte misteriosa de seu irmão. Ao descobrir que ele foi vítima de uma antiga magia das trevas, Chen enfrenta rituais sombrios e um feiticeiro poderoso, colocando sua própria vida em risco.
O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam “Estudos de Cinema”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal e correalização da APPA – Cultura e Patrimônio. Governo Federal, Brasil. União e Reconstrução.
A tradição milenar reinventada – No século XX, o movimento wuxia retomou sua proeminência, especialmente após o Movimento de 4 de Maio de 1919, quando a literatura do gênero passou a refletir a resistência ao colonialismo e às injustiças sociais, particularmente nas diásporas chinesas de Hong Kong e Taiwan. No cinema, os primeiros filmes datam de 1920, mas muitos deles foram perdidos ao longo do tempo. Na década de 1960, o estúdio Shaw Brothers, de Hong Kong, e figuras como o diretor chinês King Hu desempenharam um papel crucial na popularização do gênero wuxia e na sua subsequente disseminação internacional. Utilizando adaptações livres da literatura existente, os filmes passaram a incorporar coreografias complexas com o uso de cabos e técnicas avançadas de câmera e edição. Além de servir como uma expressão de identidade nacional e resistência, o gênero também teve um impacto profundo na contracultura mundial e influenciou desde a estética do rap e hip hop, como nas músicas do grupo Wu-Tang Clan e no break dance, até o cinema ocidental, inspirando produções como o clássico contemporâneo “Matrix” (1999). O sucesso de “O Tigre e o Dragão” (2000), que será exibido no dia 17/8, também contribuiu para trazer o wuxia para o cenário global.
O curador da mostra, Júlio Cruz, explica que, durante a seleção das obras, procurou trazer filmes que valorizassem e ampliassem o repertório do público, passando por alguns clássicos mais antigos e mais contemporâneos, como “Estalagem do Dragão” (1967), de King Hu, e “Herói” (2002), de Yimou Zhang, além de produções que são menos conhecidas pelos espectadores brasileiros, como “Confissões íntimas de uma cortesã chinesa”, de Yuen Chor (1972), “O Clã do Lótus Branco” (1980), de Lieh Lo, e “Wing Chun: Uma Luta Milenar” (1994), de Woo-Ping Yuen. Além de serem produções carregadas com vários traços da literatura wuxia, parte dos filmes também se destaca por ter uma presença marcante de protagonismo feminino, com atrizes como Pei-Pei Cheng, Ziyi Zhang, Kara Wai e Michelle Yeoh, que foi a vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 2023.
“A ideia da mostra surge de vários encontros que tive ao longo da vida com o cinema de artes marciais, o que culminou, em 2018, na mostra ‘Os Grandes Mestres do Kung Fu’. Daí, permaneceu um desejo de expandir um pouco o acesso e a discussão em relação a um dos subgêneros, o wuxia, que engloba mais de dois mil anos de história de uma das civilizações mais complexas. Wuxia carrega fórmulas, conceitos e filosofias de resistência e de revolução. Sendo assim, propomos um pequeno recorte, que não chega perto de conseguir dar conta da extensão desse gênero no cinema, mas que é um bom ponto de partida para essas histórias de homens e mulheres de grandes habilidades e honras inquebráveis”, explica Júlio Cruz.
CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
Texto: Fundação Clóvis Salgado