Muitas são as histórias e as versões sobre as origens do Carnaval. Todas elas se referem a uma confraternização antiga, já perdida no tempo, que pouco lembra ou traduz a festa atual
É difícil chegar a uma conclusão ou apontar qual das histórias ou versões existentes sobre as origens do Carnaval é a verdadeira. As explicações são múltiplas e até antagônicas quando falamos no nascimento da festa do Rei Momo.
Do ponto de vista antropológico, o Carnaval é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas. Na Antiguidade, o Carnaval era o marco para um novo tempo, um ritual de passagem, uma nova fase no ciclo recém-iniciado.
Carnaval no Brasil
Registros históricos dão conta de que a primeira manifestação do Carnaval no Brasil se deu na aclamação de D. João, em 1641, promovida pelo governador Martim Correia de Sá, no Rio de Janeiro. Os relatos atestam que tanto os escravos quanto as famílias de origem europeia participavam do entrudo de 1841 – festa que antecede a quaresma – que, por isso, é considerada uma precursora do Carnaval brasileiro.
O Carnaval no Brasil é, sobretudo, um símbolo de resistência, pois ele uniu a tradição europeia com as alegorias indígenas e os ritmos africanos, ganhando características e contornos próprios, muito diferentes de todo o resto do mundo. O Carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro é designado pela Guinness World Records como o maior do mundo, com a participação de aproximadamente dois milhões de pessoas por dia.
Outro grande evento do Carnaval brasileiro é o de Recife–Olinda, marcado pelo desfile do maior bloco de Carnaval do mundo: o Galo da Madrugada. O desfile do bloco acontece no primeiro sábado do Carnaval (sábado de Zé Pereira), passa pelo centro da cidade de Recife e tem, como símbolo, um galo gigante posicionado na Ponte Duarte Coelho. Neste bloco, há uma grande variedade de ritmos musicais, mas o mais presente é o frevo (ritmo característico de Recife e Olinda que foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela Unesco). Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada como o maior bloco de Carnaval do mundo.
O Carnaval de Salvador tem grandes celebrações carnavalescas, incluindo o axé, uma música típica do estado da Bahia. Os trios elétricos, nascidos no Carnaval de Salvador, são únicos no mundo, e percorrem a cidade levando uma multidão de seguidores. Três circuitos compõem a festa: Campo Grande é o mais longo e tradicional. Barra-Ondina é o mais famoso, à beira-mar da Praia da Barra e da Praia Ondina, além do Pelourinho.
Carnaval mineiro
Em Minas Gerais, o Carnaval nas cidades históricas mineiras ainda é o destino turístico mais procurado no período de folia no Estado, perdendo apenas para Belo Horizonte. As cidades históricas sempre preservaram o Carnaval mais tradicional do Estado, com seus blocos caricatos, muitos até centenários, e um jeito bem peculiar de viver a festa e suas manifestações originais durante os dias de folia.
O bloco considerado como o mais antigo do país está na cidade de Ouro Preto, com mais de 150 anos de existência e em plena atividade. Neste ano, o Bloco do Zé Pereira dos Lacaios vai abrir as festividades na cidade, com desfile marcado para quinta-feira, dia 16 de fevereiro, às 20h, na Praça Tiradentes.
Nos últimos anos, o carnaval das marchinhas, dos blocos caricatos e os desfiles pelas ruas e ladeiras das cidades históricas de Minas vêm dominando a programação de toda Minas Gerais. Essa forma de viver o carnaval nas cidades do interior de Minas foi determinante na consolidação do carnaval de Belo Horizonte nos últimos anos, atraindo turistas que buscam festa, folia, tradição, tranquilidade e segurança.
Carnaval em Belo Horizonte
Há menos de uma década, Belo Horizonte era conhecida nacionalmente como uma capital que não tinha carnaval. De 10 anos para cá essa realidade mudou rapidamente e radicalmente, sendo o carnaval da capital mineira reconhecido e apontado nacionalmente como um dos melhores do Brasil.
Para se ter uma ideia, o Carnaval de Belo Horizonte deste ano registra uma procura muito maior por ingressos de seus eventos privados do que o carnaval de São Paulo. Isso tudo se deve pela pluralidade e multiplicidade de seus blocos, que apresentam um universo imenso e variado de músicas, temas, propostas e programação.
Na cidade, os eventos são descentralizados, invadindo desde os bairros periféricos, passando por bairros tradicionais, até o hipercentro de Belo Horizonte.
Curta o que há de melhor nesse que é um dos maiores espetáculos do planeta Terra.
FOTO: Acervo Secult-MG