Além de salvaguardar o acervo artístico da Fundação Clóvis Salgado, o CTPF também tem sido objeto de consulta para pesquisa científica
Além de salvaguardar o acervo artístico da Fundação Clóvis Salgado, o CTPF também tem sido objeto de consulta para pesquisa científica. Isso porque o espaço é um importante capítulo das artes plásticas mineiras, contendo parte da obra do grande cenógrafo Décio Noviello.
A professora do Teatro Universitário da UFMG, Tereza Bruzzi, tem o trabalho de Noviello como tema de sua tese de doutorado. Cenógrafa, figurinista e arquiteta por formação, Teresa vem pesquisando e se aprofundando na obra de Décio nos últimos anos, descrita por ela como ‘única e diversa’.
Ao se deparar com a grandiosidade do acervo mantido pelo CTPF, Teresa destacou que, em Minas Gerais, os dois mais importantes acervos cenográficos são os do CTPF e o do Teatro Universitário, da UFMG, que é a escola mais antiga de Teatro de Minas Gerais.
Nas palavras de Tereza, “esses acervos são, com toda certeza, os mais completos e ricos do Brasil. Aqui temos a oportunidade única de estar com pedaços da história do teatro brasileiro. No CTPF estou tendo a oportunidade, pela primeira vez, de ver e tocar essa parte da obra do Décio. Nada supera essa experiência. Se não existisse o CTPF, eu não poderia fazer essa pesquisa em campo tão completa. Aqui vê-se os detalhes, os resultados das técnicas empregadas, muitas delas inéditas e até criadas pelo próprio Décio. O CTPF vem nos permitir essa vivência, que é única e insuperável”.
Um artista que fez história em Minas e no Brasil
Décio Paiva Noviello nasceu em São Gonçalo do Sapucaí, Sul de Minas, em 1929, e faleceu em Belo Horizonte em 2019. Foi pintor, gravador, desenhista e professor. Em paralelo às suas atividades artísticas, lecionou Desenho, Geometria, Matemática e Topografia em colégios militares, e a História da Indumentária e da Cenografia na UFMG.
Décio é um dos nomes pesquisados pelo Núcleo de Pesquisa em Cenografia e Outras Práticas Espaciais Cênico-performáticas da UFMG. Uma das bolsistas do Núcleo foi Laysla Araújo, entre os anos de 2018 e 2019. Hoje, Laysla atua junto ao CTPF como técnica em acervo, tendo um contato direto com a obra de Décio, fruto de sua formação artística.
Conhecido e reconhecido nacionalmente, Noviello além de produzir todo o figurino da ópera Turandot – considerada por muitos como a mais monumental entre todas as óperas – criou vários desenhos, esculturas, figurinos, peças e croquis, sendo que muitas dessas peças compõem o acervo do CTPF.
Texto: Petrônio Souza
