Foi um grande sucesso a noite de abertura do primeiro Festival de Ópera de Ouro Preto
O auditório do centenário Teatro Municipal de Ouro Preto, o mais antigo teatro em funcionamento no Brasil, ficou pequeno para a noite de estreia de seu primeiro Festival de Ópera. Com seus quatro níveis tomados: plateia, frisas, camarotes e galerias, foi necessário remover as 90 cadeiras da plateia para comportar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O Teatro, que tem 300 lugares, ficou com todas as 210 cadeiras restantes tomadas por convidados, autoridades, moradores e turistas, que puderam assistir a uma das mais belas óperas de todos os tempos: A Flauta Mágica, obra prima do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart.
O Festival de Ópera vem inserir Ouro Preto no roteiro de óperas nacionais e nesta primeira edição já se percebe a boa aceitação do público, que passa a contar com novo atrativo cultural no calendário de eventos da cidade Patrimônio Cultural da Humanidade.
Com ingressos vendidos a preços simbólicos, entre R$ 5,00 e R$ 10,00, o Festival teve início com a ópera A Flauta é Mágica, que tem em seu elenco solistas convidados, ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais, que integram os corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado.
Entre convidados especiais e autoridades, estavam o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo; o presidente da APPA – Arte e Cultura, Xavier Vieira; o conferencista Leandro Karnal; o artista plástico Carlos Bracher, entre muitas outras personalidades de destaque na sociedade mineira e brasileira.
O Festival fica em cartaz até o dia 9 de outubro, trazendo na programação grandes montagens que irão se passar pelo palco da Casa da Ópera. O Festival terá ainda programação infantil, que se apresentarão de forma itinerante, pelos bairros de Ouro Preto.
O espetáculo
Programado para ter início às 19h, já às 18h se formava uma grande fila na frente do Teatro, que só teve suas portas abertas às 18h30. A Ópera começou com 20 minutos de atraso, fazendo seu intervalo às 21h20, encerrando a apresentação sob fortes aplausos e gritos da plateia às 21h50.
Fascinado com o espetáculo, o artista plástico Carlos Bracher destacou o ineditismo da formação da Ópera, com músicos e coral se apresentando junto à plateia, “o que é uma formação que nunca vi neste teatro, que frequento há 51 anos, desde quando vim morar aqui. Então os músicos passam a ser parte da plateia, todos irmanados em uma grande ópera. Essa formação colocou a plateia dentro do espetáculo, o que é uma coisa fantástica”, declarou emocionado o pintor Bracher.
Para o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, “O Teatro de Ouro Preto nasceu como Casa da Ópera, no século XVIII, e volta, com essa apresentação da A Flauta é Mágica, à sua função original, de sediar óperas. Isso tudo junto aos corpos artísticos do Palácio das Artes, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico de Minas Gerais, o que é, sem dúvida, um dos mais belos espetáculos que se apresentaram em nossa cidade, o que muito nos honra e abre uma nova perspectiva para o turismo em Ouro Preto”, afirmou.
Para o presidente da APPA – Arte e Cultura, Xavier Vieira, “esse Festival vem resgatar uma tradição cultural universal, pois o Teatro de Ouro Preto foi criado em 1770 para ser dedicado à ópera, por isso o nome original de Casa da Ópera. Agora, ele recebe uma ópera que foi composta do outro lado do mundo, 21 anos após a sua inauguração. Isso tudo é muito simbólico e vem colocar Ouro Preto – entre os meses de setembro e outubro – no calendário internacional das óperas, pois aqui estamos no primeiro Patrimônio Cultural da Humanidade de Minas Gerais”.
Xavier Vieira ainda acrescentou: “Para nós da APPA é uma grande honra poder atuar junto aos agentes e parceiros relevantes que fazem a produção desse Festival, assinando ao lado de pessoas tão talentosas e competentes a correalização desse primeiro Festival de Ópera de Ouro Preto”.
A ópera
A Ópera A Flauta Mágica tem a direção e concepção cênica da cineasta, roteirista e produtora cultural Carla Camurati, e concepção musical e regência do maestro titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), Silvio Viegas.
Excêntrica e banhada por uma narrativa mística, construída a partir do libreto alemão de Emanuel Schikaneder, A Flauta Mágica é considerada uma das obras primas de Mozart. Com estreia em Viena (1791), a montagem segue prestigiosa mais de duzentos anos após sua primeira apresentação.
A ópera acompanha a trajetória do príncipe Tamino que, com o auxílio de sua flauta mágica, enfrenta desafios na tentativa de salvar a princesa Pamina, filha da Rainha da Noite, mantida prisioneira por Sarastro. Na narrativa, os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade – motes da Revolução Francesa – transparecem em diversas passagens, se entrelaçando em alegorias baseadas no Iluminismo. Em sua montagem inédita, A Flauta Mágica é construída de forma íntima e potente, valorizando o clima mágico, prazeroso e filosófico desse espetáculo secular.
Integram o elenco, ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e do Coral Lírico de Minas Gerais, Sávio Sperandio (Sarastro), Daiana Melo (Rainha da Noite), Aníbal Mancini (Tamino), Camila Titinger (Pamina), Melina Peixoto (Pamina e Papagena), Fellipe Oliveira (Papageno), Sylvia Klein (Dama), Fabíola Protzner (Dama), Aline Lobão (Dama), Geilson Santos (Monostatos), Lucas Damasceno (Sacerdote), Pedro Vianna (Sacerdote), Alicia Beatriz Corrêa Maciel (Gênio), Marcela Alves de Souza Bento (Gênio), Isabela Rangel Motta Rocha Figueira (Gênio).
O responsável pela criação do cenário é Renato Theobaldo, que leva para o teatro toda a imponência de uma floresta lúdica e encantadora. Quem cuida da iluminação é Fábio Retti, e os figurinos são assinados por Sayonara Lopes.
O Festival tem apresentação do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Usiminas e parceria com a Fundação Clóvis Salgado. O apoio é da Prefeitura de Ouro Preto, da Academia Orquestra de Ouro Preto e do Teatro Municipal Casa da Ópera. A realização é do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Vlaanderen Produções Culturais. A correalização é da APPA – Arte e Cultura.
PROGRAMAÇÃO:
17 de setembro a 9 de outubro de 2022
Local: Teatro Municipal – Casa da Ópera
23, 26 E 27 DE SETEMBRO, ÀS 19h
O Basculho de Chaminé, de Marcos Portugal
Academia Orquestra Ouro Preto
6 a 8 DE OUTUBRO, ÀS 19h
O Caixeiro da Taverna, de Guilherme Bernstein
Apresentada em parceria com o Coletivo das Artes
Participação de músicos convidados
6 a 9 DE OUTUBRO – Programação Infantil
O Pequeno Teatro do Mundo – Rossini por Um Fio
Trechos do repertório lírico rossiniano apresentado pelo projeto de ópera de marionetes desenvolvido por Fábio Retti e Fabiana Barbosa
Dia 6 – Casa de Gonzaga – 16h
Dia 7 – Praça Tiradentes – 16h
Dia 8 – Praça Antônio Dias – Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – 16h
Dia 9 – Praça Américo Lopes – Chafariz do Pilar – 16h
Festival de Ópera de Ouro Preto
Direção Geral: Flávia Furtado
Direção Artística: Guilherme Bernstein
Vendas de ingressos a partir de 1º de setembro
Mais informações: ouropretoopera@gmail.com
Instagram: @vlaanderenproducoes
Ingressos: www.sympla.com.br/eventos?s=Vlaanderen&tab=eventos
FOTO: Ópera A Flauta Mágica (Crédito: Poly Acerbi)