PALÁCIO DAS ARTES RECEBE EXPOSIÇÕES DE CONTEMPLADOS PELO 3º PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE ARTES VISUAIS

Exposições ocupam, a partir do dia 15 de março (quarta-feira), as Galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta, no Palácio das Artes

PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE ARTES VISUAIS

Período expositivo: 15 de março até 28 de maio de 2023

Tripa, de Pedro Neves

Local: Galeria Genesco Murta, Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Brasil, Hy-Brasil, de Eduardo Hargreaves

Local: Galeria Arlinda Corrêa Lima, Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

ENTRADA GRATUITA

Informações para o público: (31) 3236-7400

A Fundação Clóvis Salgado inaugura duas novas exposições do 3º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, que ocuparão as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima de 15 de março até 28 de maio de 2023. Foram contemplados os artistas visuais Eduardo Hargreaves (Juiz de Fora – MG), para a Galeria Arlinda Corrêa Lima, com a exposição “Brasil, Hy-Brasil”, e Pedro Neves (Imperatriz – MA), para a Galeria Genesco Murta, com a exposição “Tripa”. A nova edição do Prêmio Décio Noviello de Arte Visuais busca levar ao público reflexões acerca da representação indentitária na pintura, e também a partir da diversidade de suportes imaginar novas formas de figuração geopolíticas e de apagamento da memória.

Em “Tripa”, Pedro Neves explora as possibilidades da pintura em um conjunto de obras que refletem o conceito de “tripa”, tendo como base a materialidade da palha e da massa. Pensada de forma a evocar uma sensação circular, valendo-se do conceito da roda, a mostra costura a produção dos últimos dois anos do artista, trabalhando a forma e o gesto do pintar. Já em “Brasil, Hy Brasil”, Eduardo Hargreaves confronta os múltiplos suportes – desenhos, pinturas, objetos, instalações multimídia, vídeoinstalação e ações performadas para vídeo e animações – com uma reflexão sobre as ações exploratórias e extrativistas que, aos poucos, vão consumindo paisagens e memórias.

Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a realização desse Prêmio, com abrangência nacional, abre as portas do Palácio das Artes às mais variadas propostas artísticas. “O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais é reconhecido por sua diversidade. A cada edição, artistas de Minas e de outros estados ocupam nossas galerias com as mais variadas propostas da contemporaneidade. O fomento a essa identidade diversa é uma importante diretriz, a qual temos nos atentando sempre”, destaca.

Sobre as exposições:

Tripa, de Pedro Neves

Exclusiva de pinturas, a exposição “Tripa”, de Pedro Neves, expõe pela Galeria Genesco Murta 20 telas em médio e grande formato. Campo que o artista mais vem explorado ao longo dos anos, no conjunto de obras reflete-se o conceito de “tripa”, tendo como base a materialidade da palha e da massa, herança simbólica do bisavô do artista nos momentos de escolher seus chapéus.

“As obras de ‘massa’ possuem mais densidade na sua composição. Utilizo mais cores, mais texturas, construo mais estampas. São também obras de maiores dimensões, e em sua maioria giram em torno do universo das figuras humanas, pensando uma forma de abstrair a figuração”, explica Neves, alegando ter uma relação com a forma e os gestos que a pintura o possibilita. Já as obras de palha possuem um apelo mais ligado à espiritualidade. “Nestas estão cenas de naturezas, moradias, feiras, temas que me atravessam e fazem pensar de onde vim. São obras com uma paleta de cor mais reduzida, feitas por sobreposição de linhas e pontos, até construir a imagem que almejo”.

A mostra foi pensada de forma a construir uma exposição circular, evocando o conceito da roda. “A roda é muito presente nas tradições afro-brasileiras: rodas de samba, de capoeira, de candombe, candomblé, e várias outras. O que há em comum entre todas elas é que são inclusivas. Todas as pessoas dentro de uma roda têm uma função, seja bater palma, responder o coro, dançar ou ser puxador. Na roda todo espectador é também o artista”, exalta o artista. “Minha intenção é que esse movimento circular traga uma sensação para que as pessoas se sintam parte das obras, e adentrem neste universo”. O conceito circular também parte de pesquisa do artista acerca do Teorema de Dikenga, parte do Cosmograma Bântu-Kôngo, que traça um mapa para a vida a partir de uma dinâmica cíclica ancorada em quatro pontos centrais, que representam os movimentos solares: Musoni, Kala, Tukula e Luvemba.

O Prêmio Décio vem contribuindo de maneira muito importante na construção da trajetória do artista, para que ele possa entender bem sua produção e qual caminho pretende seguir nos próximos anos. “As obras que decidi mostrar no prêmio reuniram uma produção dos últimos 2 anos, meu ponto inicial de carreira, primeiras obras, primeiras ideias e insights”, descreve. Durante a escrita do projeto, o artista traçou uma ligação entre suas obras, que são resultados de uma intensa produção. “O prêmio veio para me fazer entender melhor o que venho construindo e qual melhor forma de expressar meus pensamentos através da pintura”, conta. “Minha maior expectativa é alcançar esta vontade de fazer uma exposição onde as pessoas se sintam parte dela, se identificando com as obras e sentindo que aquilo dialoga com elas de alguma maneira”.

Para Neves, o maior desafio para um artista visual brasileiro e em início de carreira é se fazer ser escutado. “O caminho das artes plásticas é cheio de complexidades, e conseguir um espaço para mostrar as próprias produções é um dos maiores deles. Acredito que com muita insistência venho realizando algumas destas conquistas, de ir entendendo aos poucos como funcionam estes espaços e as relações de trabalho que vão se estabelecendo”, explica o artista.

Brasil, Hy-Brasil, de Eduardo Hargreaves

Em “Brasil, Hy Brasil”, Eduardo Hargreaves apresenta na Galeria Arlinda Corrêa Lima um conjunto de 25 trabalhos. “Similares ora pelos materiais utilizados, pelas ações físicas – como imagens construídas pela rasura, sua anulação por meio de mecanismos, processos destrutivos, químicos –, ou pelas ações simbólicas e metafóricas”, explica o artista. Entre as técnicas presentes nos trabalhos, estão desenhos, pinturas, objetos, instalações multimídia, vídeoinstalação e ações performadas para vídeo e animações. Segundo o artista, o conjunto é resultante de uma pesquisa de mais de sete anos, no qual desenho é o fio-condutor.

A mostra é resultado de uma reflexão sobre as ações exploratórias e extrativistas que, aos poucos, vão consumindo paisagens e relevos. Os trabalhos selecionados relatam uma forma singular de percepção dos distintos modos de desaparecimento, apagamento ou subtração de sujeitos, lugares e histórias. “Ao longo dos últimos anos, minha pesquisa se desdobra sobre as diferentes formas de subtração e obliteração da memória, da cultura e do território. A relação presente entre os diversos gestos de apagamento e o desaparecimento destes signos, com a absorção presente na morte. O que se evidencia nas imagens é a negação de um território e do direito à memória”, explica Hargreaves.

A expografia da exposição é pautada por barreiras visuais formadas por tapumes metálicos, usuais nas divisas de áreas de mineração “quando já não há mais monte que salvaguarde as feridas abertas do extrativismo mineral, nos impedem de enxergar a realidade. Este recurso é utilizado no interior do espaço, criando separações físicas e visuais”. Para o artista, “Brasil, Hy-Brasil” é uma exposição que se molda pelo encontro de diferentes investigações e processos, conectados em torno de um eixo comum pelas palavras: presença e ausência.

O título da exposição estabelece simultaneamente uma sobreposição e enfrentamento entre o país e a simbologia de Hy-Brasil, ilha fantasma presente na mitologia irlandesa, que figurou na cartografia medieval europeia. “É descrita como uma ilha mágica, coberta por névoas, que surge uma vez a cada sete anos ao olhar dos navegantes. Ao vislumbre de suas belezas e desejo de aterrar, a ilha ‘recua’, nunca podendo ser alcançada, retornando à neblina das incertezas e da imaginação. Esta mostra propõe uma contraposição e justaposição destes dois territórios, entre o real e o ficcional”.

“As paisagens e figuras ausentes projetadas – nos desenhos, objetos, vídeos, animações e instalações – podem ganhar outras dimensões, mutuamente ecoando no campo da memória pessoal de cada indivíduo. O trabalho se torna, assim, uma ponte entre o passado e o presente, para vislumbrarmos presentes-futuros possíveis”, explica o artista.

Para Hargreaves, é urgente a realização deste projeto com as obras, montagens, expografia e indivíduos que estão ao seu lado para realizá-lo. “Vejo com grande importância a resistência do Prêmio Décio Noviello ao longo dos últimos anos. Acredito que o Prêmio representará uma porta que se abre para a continuidade e desdobramento dos meus trabalhos rumo ao futuro”, celebra.

Texto e imagem por: Fundação Clóvis Salgado

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