CÂMERASETE RECEBE EXPOSIÇÕES DOS GANHADORES DO 3º PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE FOTOGRAFIA

Exposições ocupam o espaço a partir do dia 10 de março (sexta-feira); artistas refletem sobre identidade, política e memória em projetos que entrelaçam a história pessoal à prática artística

PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE FOTOGRAFIA

Período expositivo: 10 de março até 20 de maio de 2023

Entre cantos e lamentos, de Julia Baumfeld

5 casas, de Bruno Barreto

Local: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais

(Av. Afonso Pena, 737, Centro, Belo Horizonte)

ENTRADA GRATUITA

Informações para o público: (31) 3236-7400

A Fundação Clóvis Salgado inaugura duas novas exposições do 3º Prêmio Décio Noviello de Fotografia, que ocuparão a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais de 10 de março até 20 de maio de 2023. Foram contemplados os artistas Julia Baumfeld (Belo Horizonte – MG), com a exposição “Entre cantos e lamentos”, para o Espaço 1, e Bruno Barreto (Dom Pedrito – RS), com a exposição “5 casas”, no Espaço 2. A nova edição do Prêmio Décio Noviello de Fotografia busca refletir, a partir da potência da fotografia, sobre a força da memória e da linguagem imagética, propondo reflexões acerca da história e suas políticas de preservação.

Em “Entre cantos e Lamentos”, Julia Baumfeld nos convida a uma viagem pela região do Oriente Médio, parte de suas pesquisas e reflexões acerca de sua ascendência judaica. A artista tenciona e reflete, em suas imagens em 35mm, a geografia, história e berço das três grandes religiões patriarcais abraamicas, traçando um caminho que perpassa fronteiras complexas da região. Já em “5 casas”, Bruno Barreto convida a uma imersão no universo da memória, abraçando sua própria história familiar e a de sua cidade, Dom Pedrito. O projeto retrata a busca pelas vivências de infância do artista, entrelaçada pelo processo de luto da perda de seus pais.

Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a realização desse Prêmio, com abrangência nacional, abre as portas do Palácio das Artes às mais variadas propostas artísticas. “O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais é reconhecido por sua diversidade. A cada edição, artistas de Minas e de outros estados ocupam nossas galerias com as mais variadas propostas da contemporaneidade. O fomento a essa identidade diversa é uma importante diretriz, a qual temos nos atentando sempre”, destaca.

Sobre as exposições:

Entre cantos e lamentos, de Julia Baumfeld

A exposição “Entre cantos e Lamentos” consiste em uma série de fotografias realizadas pela artista na região do Oriente Médio em 2019. O trabalho apresentado na exposição é fruto dessa viagem, que aconteceu inicialmente por conta de sua ascendência judaica, por parte de seu avô materno, de quem herdou o sobrenome “Baumfeld” (que significa “campo de árvore”). “Apesar de eu não ter ligação com a cultura judaica e me considerar ateia, fui até aquelas terras conhecidas por conflitos complexos e símbolos sagrados e me deparei com a geografia, história e berço das três grandes religiões patriarcais abraamicas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Elas são as primeiras a acreditar em um único deus”, explica a artista.

Ao longo do percurso, Baumfeld traçou um caminho que perpassa fronteiras complexas da região, registrando com fotografia em película 35mm seu deslocamento e encontro com culturas e crenças tão diversas. “A viagem, que realizei em solitude, perpassou locais em Israel, Palestina, Cisjordânia, e também comportou uma travessia do deserto do Sinai por terra, até chegar ao Egito. Realizando o caminho oposto à peregrinação do povo Judeu rumo a terra prometida, fui ao encontro de Cairo e das Pirâmidas de Gizé, me deslumbrando com os rastros e monumentos da grande civilização do Egito Antigo, a qual acreditava em diversos deuses e deusas”, conta a artista. Ao longo da jornada, a fotógrafa voltou seu olhar, pesquisa e registro fotográfico para as mulheres de diferentes culturas que perpassaram seu caminho. “Nessa experiência de troca com elas, sem o uso das palavras, me questionei a todo tempo sobre o papel das mulheres nas narrativas da sociedade patriarcal”, reflete.

Segundo Baumfeld, o Prêmio Décio Noviello traz agora a possibilidade de materializar esse trabalho. A expografia, realizada em conjunto com a arquiteta Ivie Zappellini, busca trazer a experiência de deslocamento entre as regiões e suas fronteiras, ao mesmo tempo que aproxima de forma afetiva a trajetória, encontros e paisagens de locais de grande valor simbólico. “A exposição é uma via do percurso da minha pesquisa como artista de múltiplas linguagens, na qual transito por diversas formas de expressões e investigo questões de intimidade em mediação com o mundo, pesquisando memória íntima e coletiva em arquivos íntimos. É uma alegria apresentar esse trabalho na Galeria CâmeraSete, que além de ter uma ótima localização central, que permite acesso ao fluxo e diversidade de pessoas no centro da cidade, é também um prédio com histórico importante para a fotografia em Belo Horizonte”, celebra a artista.

5 casas, de Bruno Barreto

A exposição “5 casas” é um convite a uma imersão no universo de imagens do artista Bruno Barreto. O projeto retrata a busca pelas memórias de infância do artista, 20 anos após deixar Dom Pedrito, a pequena cidade onde nasceu, no interior do Rio Grande do Sul. Essa busca se dá através de um extenso trabalho de arqueografia pessoal, em que o artista coleta fragmentos da sua história, marcada pela morte prematura de seus pais por câncer, doença que assola a cidade.

Ao buscar reconstruir as memórias de um passado que tentou esquecer, como que tentando esquecer a dor da perda, do luto e das saudades, Barreto se depara com as complexidades e contradições da própria cidade onde viviam, e vai reencontrar e retratar uma série de lugares e pessoas que foram importantes na sua formação.

Personagens guiam esse percurso rumo a um universo de imagens fragmentadas, paisagens esquecidas e laços desfeitos: uma velha professora de francês tocando um piano desafinado acompanhada de seus 36 gatos, um homem que vive há mais de 40 anos sozinho em uma fazenda mal-assombrada, um grupo de freiras que conduzem uma escola de ensino fundamental, um jovem gay sofrendo bullying e agressões e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás. Ao retornar em busca de suas lembranças, o artista se depara não somente com a realidade dos lugares e pessoas que ficaram, mas também com a possibilidade de redescobrir a sua própria história.

A exposição faz parte do Projeto 5 CASAS, que teve origem no programa de mestrado em poéticas visuais no PPGAV/UFRGS sob a orientação do crítico e professor Alexandre Santos. Desde então, o projeto contou com a realização de uma exposição a convite do Centro de Fotografía de Montevideo e de um longa-metragem documental 5 CASAS / 5 HOUSES. O filme participou de grandes eventos internacionais e, em novembro de 2020, teve sua première internacional como único longa-metragem brasileiro na competitiva oficial do maior festival de arte documental do mundo, o IDFA, em Amsterdam, e segue percorrendo o circuito de festivais internacionais. O projeto conta ainda com um livro/arte homônimo, que foi concebido pelo artista.

Texto: Fundação Clóvis Salgado

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