8 de março: dia das mulheres universais

Apesar de pouco reconhecidas pela história, as mulheres fazem parte das páginas mais marcantes da trajetória do Brasil. O país é um celeiro de grandes nomes no meio artístico e cultural.

Nomes como Chica da Silva, Anita Garibaldi, Bárbara Heliodora, Princesa Izabel e Chiquinha Gonzaga, entre tantas, em tantos séculos de vida e história, deixaram um legado de lutas, exemplos e superação. 

Elas foram negras, brancas, índias, mulatas que, mesmo vivendo em um país historicamente inóspito às suas causas, com muita garra e comprometimento, fizeram a diferenças e marcaram seu tempo, deixando um legado que influenciou e influencia gerações, atravessando os séculos e renascendo em lutas e na busca permanente por direitos, reconhecimento e respeito.

Neste dia 8 de março, vamos celebrar o Dia da Mulher Brasileira, revivendo a vida e exemplo de cinco nomes que marcaram o seu tempo e entraram para as páginas dos livros de história; as páginas mais nobres.

A primeira a ser lembrada neste dia de hoje é a mineira Carolina Maria de Jesus, um exemplo de superação e resistência. Nascida no Triângulo Mineiro, em 1914, na cidade de Sacramento, Carolina Maria de Jesus mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica e catadora de papel para sustentar seus três filhos, que criava sozinha. Carolina escrevia sobre seu dia-a-dia na favela do Canindé, Zona Norte de São Paulo, até que em 1958, conheceu o jornalista Audálio Dantas, que a auxiliou na publicação de seus diários.

Dia Internacional das Mulheres
A escritora mineira Carolina Maria de Jesus

Seu primeiro livro, Quarto de Despejo, publicado em 1960, vendeu dez mil cópias em quatro dias, e 100 mil cópias, em um ano. O livro relata suas vivências na favela, enquanto mulher, negra e mãe solo. Hoje, Quarto de Despejo é um marco e referência para gerações de pesquisadores e estudiosos da literatura brasileira. 

Apesar de ter passado esquecida nas últimas décadas, Carolina Maria de Jesus chegou a lançar seus livros fora do Brasil, tendo traduções em 14 línguas. Sobre sua obra, declarou: “Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade”.

Outra grande mulher brasileira é a roqueira paulistana Rita Lee Jones de Carvalho, uma das mais influentes do Brasil no século passado. Nascida na capital paulista em 1947, Rita Lee participou dos mais importantes momentos da Música Popular Brasileira, desde a época dos grandes festivais da canção, passando pelo movimento cultural e comportamental da Tropicália até a consolidação do rock nacional ao lado do grupo Mutantes.

Considerada uma das mais importantes compositoras brasileiras de todos os tempos, Rita Lee é multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista, sendo reconhecida como a “Rainha do Rock Brasileiro”. 

Suas canções fazem parte dos grandes sucessos nacionais, sendo cantadas e reconhecidas em todo solo pátrio. Músicas como “Ovelha Negra”, “Mania de Você”, “Lança Perfume”, “Agora Só Falta Você”, “Baila Comigo”, entre tantas outras, são marca de um tempo em que Rita Lee foi uma das artistas principais.

Outra grande representante do universo feminino brasileiro foi Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nascida na França em 1810 e que veio fazer história no Brasil, no Estado do Rio Grande do Norte.

Nísia Floresta foi uma pioneira na educação, além de escritora e poetisa, fazendo história na origem da educação feminista no Brasil, atuando também nos movimentos sociais. Defensora de ideais abolicionistas e republicanos, Nísia liderou um tempo, com posicionamentos inovadores e surpreendentes para a época, marcada pela submissão e silêncio social e cultural das mulheres brasileiras.

Diante de tantos impasses, Nísia influenciou a prática educacional nacional, rompendo limites no espaço social e cultural destinados a mulher, estabelecendo diálogos entre ideias europeias e o contexto brasileiro no qual viveu. Sobre esse tempo, dedicou obras e ensinos sobre a condição feminina no Brasil, o que lhe valeu o reconhecimento como a grande pioneira do feminismo brasileiro. 

Nísia foi além e denunciava injustiças contra escravizados e indígenas. No cenário de mulheres reclusas ao casamento e maternidade, diante de uma cultura de submissão, foi a primeira figura feminina a publicar textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. “Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra” em meados do século XIX.

Finalizando nossas Mulheres deste especial, destacamos a atriz mineira Aisha Brunno. Aisha é produtora e fundadora da Casa Anômala, localizada na Vila Nossa Senhora Aparecida, no bairro São Lucas, em Belo Horizonte.

Com 34 anos de idade, Aisha tem formação em Teatro, Design de Moda, Fotografia e é pesquisadora do “Corpo como potência de transformação no Teatro” pelo Cefart – da Fundação Clóvis Salgado, mesclando em sua arte referências dos diversos saberes acumulados pela sua trajetória na tentativa de compor sua história com o mundo.

Como artista trans e travesti, Aisha vem aliando temáticas do universo trans com sua arte, o que resultou em peças de teatro e pesquisas. Sobre sua proposta artística, Aisha declara que é uma “artista em busca de construir novas pontes para o imaginário, imaginar novas maneiras de ensinarmos e respeitarmos nossas filhas e filhos a serem antes de tudo, livres e felizes, sendo eles como são, sobretudo os meninos com maneiras femininas e meninas com maneiras masculinas”.

Neste dia 8 de março, abraçamos a todas as mulheres e destacamos nossa admiração por essas que são capazes de transformar o mundo e tornar a vida neste nosso planeta um pouco mais bonita, sensível e acolhedora.

Um Viva a todas as MULHERES do mundo!

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